Pretassa

Lembrem-se de Melânia, primeira atleta brasileira negra nos Jogos Olímpicos

Os nomes dos nossos pioneiros nunca devem cair no esquecimento. Melânia Luz dos Santos faleceu em 2016, aos 88 anos, e essa informação foi ignorada pela mídia tradicional. Da mesma forma, também foi deixado de lado o fato de ela ser a primeira mulher negra brasileira numa Olimpíada.

Paulista, nascida em 17 de maio de 1928, filha de uma dona de casa com um policial militar, ela treinava atletismo apenas nos finais de semana. Mesmo assim, aos 20 anos, atingiu o índice olímpico para ir a Londres em 1948.

Melânia não trouxe uma medalha olímpica, mas escreveu seu nome na história. Para começar, compondo a primeira equipe feminina de atletismo. Depois, ficando em quarto lugar nos 200m rasos e no revezamento 4x100m, estabelecendo com sua equipe um novo recorde sul-americano. Diferentemente dos Jogos, no Troféu Brasil e nos Sul-Americanos e Campeonatos Paulistas da modalidade das décadas de 1940 e 1950, ela sempre teve seu lugar nos pódios.

Melânia cresceu numa família apaixonada por esportes, que frequentava o São Paulo Futebol Clube, seu time do coração. Em 1945, ela começou a se dedicar ao atletismo e passou a treinar com Dietrich Gerner, o mesmo de treinador de Adhemar Ferreira da Silva, primeiro bicampeão olímpico no salto triplo. 

A atleta correu “profissionalmente” por 30 anos, e “não-profissionalmente” até os 70, acumulando conquistas, mas sempre de forma “amadora”, pois nunca obteve remuneração financeira como velocista. O maior obstáculo de Melânia, talvez, não foi conciliar sua paixão pelo atletismo com os estudos, depois com dois turnos de trabalho como técnica laboratorial e o papel de mãe e esposa, mas sim romper com as barreiras que o racismo estrutural lhe impôs. Hoje, quem cuida de seu legado é o neto Thiago.

Thiago, segurando um retrato da avó (Foto: Marcel Merguizo).

Em entrevista à Revista Raça, Thiago disse: “(Melânia foi) a primeira mulher negra a representar o Brasil numa Olimpíada e a mostrar que ser negra e mulher não deve ser fator de limitação para alguém”. E completou: “O brasileiro precisa ter essa noção da sua história, lembrar dos que vieram antes dele. Respeitar quem veio antes e saber que se você está correndo, se você tem um índice, tem uma notoriedade dentro do esporte, seja o esporte qual for, muitos sofreram antes de você. Então é importante a gente valorizar e sempre lembrar.”

Fontes: Revista Raça, site Primeiros Negros, Portal Geledés

Foto de capa: Acervo SPFC.

LEIA TAMBÉM: Netflix lança série documental sobre a tenista Naomi Osaka

Ouça o episódio #18 – Pretas nordestinas: Pesquisa Científica:

Apoie a mídia negra nordestina: Financie o Negrê aqui!

Compartilhe: