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Obras inéditas da escritora Carolina Maria de Jesus serão publicadas pela Companhia das Letras

Atualizada às 14h33 do dia 01/09/20

A editora Companhia das Letras anunciou em seu blog no último dia 17 de julho que textos inéditos de Carolina Maria de Jesus (1914-1977) serão publicados sob a supervisão da filha, Vera Eunice de Jesus, 67, e da escritora mineira Conceição Evaristo, 73. Pertencem ainda ao conselho editorial as pesquisadoras Amanda Crispim, Fernanda Felisberto, Fernanda Miranda e Raffaella Fernandez.

Segundo a editora, os livros Quarto de despejo – diário de uma favelada (1960) e Diário de Bitita (1982), não farão parte do projeto. O primeiro livro publicado será Casa de Alvenaria, parte integrante da série “Cadernos de Carolina”. O livro, que foi publicado em 1961, ganhará uma edição ampliada, com um registro detalhado da experiência de Carolina após se mudar do Canindé (SP) para o bairro de Santana, além de falar sobre sua luta por reconhecimento.

Os demais volumes incluirão cadernos que descrevem a vida na favela, as viagens que ela realizou (para Uruguai, Chile, Argentina e várias regiões do Brasil) e demais memórias da escritora.

A editora ainda não divulgou as datas de lançamentos, mas a notícia já é motivo para comemorar, pois, por muitos anos, Carolina Maria de Jesus buscou reconhecimento. Antes de morrer, deixou vários pedidos em uma carta para a filha, e um deles, era que sua memória fosse propagada. Esse projeto, como declarou a editora, tem o objetivo de restituir a voz da escritora, fazendo justiça ao reparar a estigmatização que ela sofreu por décadas, seja por ser uma mulher negra, por ser semianalfabeta ou por ser favelada.

A escritora

Conhecida pelo livro Quarto de despejo – diário de uma favelada (1960), que foi traduzido em 13 línguas e vendeu mais de 1 milhão de exemplares, Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914, em Sacramento (MG) e mudou-se para São Paulo em 1937, após a morte da mãe. Na maior parte do tempo em que viveu em São Paulo, morou na favela do Canindé e lá, com cadernos que encontrou no lixo, começou a escrever. Faleceu em 1977, mas deixou uma vasta produção literária.

Foto de capa: Arquivo Nacional.

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