A fotógrafa pernambucana Uenni (nome artístico de Wenny Mirielle Batista Misael) foi a vencedora do primeiro lugar na 2ª edição do Prêmio Mário de Andrade de Fotografias Etnográficas, na categoria Série Fotográfica. A premiação, organizada pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reconheceu seu trabalho Canjerê dos Pretos Velhos na Jurema Sagrada de Pernambuco, uma série fotográfica que retrata o ritual Canjerê de Preto Velho, celebrado no Terreiro Ilé Asé Orìsanlá Tàlàbí, na Região Metropolitana do Recife (PE).
O projeto reúne registros feitos ao longo de dois anos, capturando a força espiritual e ancestralidade presente no Canjerê, uma prática religiosa que reverencia a sabedoria dos Pretos Velhos dentro da Jurema Sagrada, uma das tradições afro-brasileiras mais importantes do estado de Pernambuco. As imagens mesclam uma abordagem sensível e íntima, além de refletir o profundo vínculo de Uenni com a comunidade religiosa que retratou, oferecendo uma visão respeitosa e comprometida com a preservação cultural.
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Premiação
A competição recebeu mais de 400 inscrições apenas na categoria em que Uenni competiu e premiou as melhores produções de fotografias etnográficas realizadas no Brasil. O Terreiro Axé Talabi, onde a série fotográfica foi realizada, tem se destacado pela preservação das tradições afro-brasileiras e pela valorização do patrimônio imaterial.
Em 2023, o terreiro foi declarado Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, título que reforça seu papel fundamental na preservação e divulgação da cultura afro-brasileira. Além disso, em 2021 foi reconhecido como Patrimônio Histórico e Cultural de Origem Africana e Afro-Indígena Brasileira no Município de Paulista.
A nordestina Uenni, que iniciou sua carreira na fotografia aos 15 anos, sempre esteve envolvida com a comunidade religiosa que retratou. Sua atuação profissional é marcada por um olhar atento à ética e ao respeito pelas culturas que documenta, buscando sempre garantir a autorização e o consentimento das comunidades para a divulgação das imagens. Ao capturar e compartilhar essas práticas, contribui para a preservação e visibilidade das tradições de origem africana e afro-indígena no Brasil.
Foto de capa: Ernesto de Carvalho.
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Estudante de Graduação em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), descendente do Quilombo Pesqueiro de Conceição de Salinas, na Bahia, comunicador e repórter popular. Baiano apaixonado pelo Nordeste e Norte brasileiro, morou 11 anos no Amazonas, 1 no Ceará e 8 no Rio Grande do Norte (onde vive atualmente).