Cerca de 50 mulheres negras, dos 17 aos 60 anos, que moram em áreas periféricas do Recife vão participar, pela primeira vez, de um desfile de moda afro autoral. O evento, que tem como objetivo valorizar a beleza, feminilidade e criatividade do público feminino afrodescendente, faz parte da 2ª edição do projeto “Moda Preta Autoral em Conexão Ancestral”. A programação será realizada no sábado, dia 30, no Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, com entrada gratuita.
O desfile faz parte do encerramento do projeto “Moda Preta Autoral em Conexão Ancestral”, o qual capacitou 50 mulheres, por meio de um conjunto de oficinas, gratuitas. Entre os aprendizados e habilidades desenvolvidas pelas participantes estão: confecção de vestido, kaftan, calça, blusa e turbante, entre outros acessórios.
A realização da formação para as mulheres negras partiu da ideia do casal: Rodrigo Zarina e Jéssica Zarina. Jovens negros, empreededores da periferia da capital pernambucana, que viram, nos intercâmbios culturais que fizeram pelos países africanos, como África do Sul e Moçambique, realizado nos últimos dois anos, uma maneira de aproximar a realidade local da cultura ancestral.
“Poder proporcionar este projeto às mulheres da minha comunidade, é um grande passo que estamos dando para combater o racismo e garantir a autoestima feminina. Sei da necessidade que cada uma de nós temos, como mulheres, negras e que vivemos em meio a desigualdade racial. Sem dúvida, este projeto é uma realização de sonho para mim. Mas, para as participantes, é uma virada de página”, conta orgulhosa a estilista e coordenadora do projeto Zarina.
“Vale ressaltar que esta ação tem cunho afirmativo, pedagógico e artístico, no qual, toda a comunidade tem a missão de manter vivo a cultura local e o patrimônio cultural, já que também realizamos esse projeto em parceria com o Maracatu Nação Estrela”, acrescentou.
Para Rodrigo Zarina, um dos oficineiros do projeto, as aulas tiveram como proposta apresentar ao público participante à moda sob um olhar descolonizado, afroreferrenciado e afrodiásporico. “Com esta formação e vivência, buscamos ressaltar a importância do papel da moda na afirmação de identidades de pessoas negras na atualidade. Temos o entendimento do lugar do corpo negro e de elementos da moda no corpo negro, no aspecto da afirmação de nossa propria permanência, resistência e enfrentamento político cotidiano”, finalizou.
Confira detalhes
O quê: Evento de moda afro autoral leva mulheres da periferia do Recife para passarelas
Quando: Sábado, dia 30
Onde: Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, Rua Passarela, nº 18-A, comunidade de Chão de Estrelas, Zona Norte do Recife
Horário: 15h
Foto de capa: Divulgação
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