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Quilombos regionais e o Black Twitter Nordestino

Quando conheci o Black Twitter em 2018, fiquei feliz por ter encontrado esse espaço virtual onde pessoas negras discutiam questões de interesse em comum, tais quais as produções artísticas, culturais e acadêmicas negras, as lutas antirracistas e a história dos povos negros – para mencionar algumas delas. Fui percebendo, no entanto, que mais do que um espaço onde pessoas negras conseguiam tornar visíveis certos assuntos, eram em geral as do Centro Sul as que conseguiam maior visibilidade e destaque dentro do Black Twitter

Passei a me questionar o porquê dessa diferenciação de visibilidade, especialmente, após ler comentários xenófobos no Black Twitter, ou mesmo que mostravam profunda ignorância sobre a vivência de negros nordestinos por parte de nossos irmãos do Centro Sul. Isso explica que, assim como minha raça é um marcador social que aponta para uma desigualdade, a minha nordestinidade também está inserida em relações de assimetria entre o Norte e o Sul do país. Assim, se faz necessário discutir como a xenofobia pode estar presente na relação entre negros de diferentes regiões do Brasil. 

A partir dessa problemática, senti a urgência em nos aquilombarmos enquanto pretinhos do Nordeste, a fim de que denunciássemos tanto o racismo quanto a xenofobia (bem como outras questões que nos atravessam). Foi então quando fiz uma postagem comentando sobre esse assunto e propondo a formação de uma “panelinha nordestina”, já que não havia espaço para nós na do Centro Sul. A postagem foi bem recebida por negros do Nordeste e alguns do Norte, que comentaram ser essa uma questão pertinente e antiga.

Conversei com as pessoas pretas nordestinas as quais seguia no Twitter e combinamos de pensar juntas como usar essa rede social para aproximar mais pretinhos da nossa região. Com a ajuda do meu amigo Dill, chamei esse movimento de Black Twitter Nordestino. A Cecília foi quem sugeriu transformá-lo em uma hashtag, a qual denominamos #blackttnordestino

Como resultado, começamos a encher a rede social com nossas vivências. Entre elas, houve denúncias da xenofobia, do apagamento e da exclusão que enfrentamos. Além disso, conseguimos promover a produção de conteúdo preto nordestino (como os trabalhos de nossos artistas, professores, militantes etc) e conseguimos aumentar nossa visibilidade perante os próprios negros nordestinos (e em alguma medida perante os do Centro Sul). No entanto, esse não é um esforço conclusivo. Convidamos a todes que tiverem interesse a se somarem a esse movimento usando a hashtag #blackttnordestino. Assim, nosso quilombo vai crescer.

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