Bem-estar

Biomédica explica o vínculo entre saúde mental e saúde da pele negra

Nossa jornada rumo à saúde plena é como um intrincado quebra-cabeça, no qual cada peça representa um aspecto vital do nosso bem-estar. Nele, muitas vezes negligenciamos uma peça essencial e frequentemente invisível: a nossa saúde mental. A biomédica esteta e especialista em pele negra, Jéssica Magalhães, explica a ligação entre saúde mental e saúde da pele.

No entanto, à medida que a ciência avança e especialistas exploram os cantos mais profundos dessa relação, fica evidente que a mente e o corpo estão intrinsecamente entrelaçados, cada um refletindo e influenciando o outro de maneiras surpreendentes.

Foto: Arquivo pessoal.

Hoje, mergulhamos na complexa conexão entre saúde mental e saúde da pele, um tópico frequentemente subestimado e ainda inadequadamente compreendido. Mais especificamente, exploramos esse vínculo em indivíduos de pele negra, uma comunidade que enfrenta não apenas os desafios emocionais inerentes à saúde mental, mas também obstáculos únicos devido a mitos enraizados na cultura. 

Dentro desses mitos também existem os questionamentos de como a saúde mental e emocional afeta diretamente a saúde da pele, especialmente em pessoas negras. De acordo com a biomédica esteta Jéssica Magalhães, ela é como uma tela que reflete emoções. 

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O aparecimento de manchas, acne, pústulas, perdas de cabelo, tudo isso pode ser causado por emoções. No nosso caso, sofremos ainda mais com os mitos populares que nos afastam da ajuda especializada. Há o mito de que terapia é para rico, que cuidar da mente é luxo ou para quem está doente, que medicamentos são irreversíveis e tratados como uma sentença. Essas crenças fazem com que não haja a procura por ajuda profissional e, por causa disso, há a piora dos quadros”, explica Jéssica.

A biomédica acrescenta que, de fato, os fatores emocionais e psicológicos podem desencadear problemas de pele em pessoas negras, como a autoestima e o estresse. 

“O estresse causa alterações significativas não só na pele mas no funcionamento do corpo em geral. E se engana quem pensa que só vem do trabalho. Em muitos casos que atendo ele é causado por questões familiares. É muito comum que esses quadros sejam desencadeados após crises de estresse, distorção de imagem, desilusão amorosa e abuso psicológico. Há diversos sinais que o corpo dá para mostrar que precisa de cuidado”, pontua.

Dentre as doenças dermatológicas específicas que podem surgir ou ser agravadas em indivíduos com problemas de saúde mental, de acordo com a especialista estão: a dermatite atópica, psoríase, alopécia aerata, acne e outras. São condições que são causadas e/ou agravadas pelas emoções. Na pele pode ter a manifestação de coceiras ou até mesmo lesões (pequenas bolinhas com feridas), perda de cabelo, perda de pelos. 

Durante o Setembro Amarelo, muitas pessoas buscam maneiras de melhorar sua saúde mental. A biomédica explica que existem práticas específicas de cuidados que também promovem o bem-estar emocional, como a “estética do cuidado”.

A estética e o cuidado com a pele entra como um momento de reencontro, autoconhecimento e satisfação. Quando nos permitimos ser cuidados por outro ou por nós mesmos, pode ser um instante de relaxamento e conexão consigo. 

“Eu sempre sugiro que faça dos momentos de cuidado diário um ritual para olhar para si com mais amor. Um banho relaxante com uma boa música, hidratar a pele com calma, sentir os aromas dos produtos. Tudo isso pode ser feito como um ritual para promover bem estar”, indica Jéssica

Ela conclui: “Os profissionais da área de estética e biomédicos têm um papel crucial na conscientização sobre a relação entre saúde mental e saúde da pele. Normalizar o cuidado com a saúde mental e destacar sua importância são passos fundamentais para alcançar o bem-estar. É um tratamento conjunto para alcançar o bem-estar. Sem esse equilíbrio, nem todos os procedimentos do mundo serão capazes de trazer a felicidade que se deseja ao ser quem se é de verdade”.

Foto de capa: Arquivo pessoal.

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