O “Tem Cor no Ensino” é idealizado pela mestranda em história Keilla Vila Flor Santos, 24, pela bacharel em direito Nonny Gomes, 31, pelo geógrafo e educador Vinicius Machado, 24, e pelo cinegrafista e diretor Jonas Silva, 25, e visa a manter os debates sobre negritude, ancestralidade e história do povo negro no ensino. O projeto também conta com o apoio da jornalista e doutora em história Ana Flávia Magalhães Pinto, 40, e do doutor em história Flávio dos Santos Gomes, 56.
Em entrevista ao Negrê, a professora Keilla falou sobre o novembro negro e a ideia do projeto: “Eu trabalho com a conscientização racial em novembro há quatro anos e pensei em uma forma de manter isso mesmo não podendo ir até às escolas para os debates e rodas de conversas, como nos anos anteriores”.
Mesmo com uma legislação específica e todas as diretrizes que orientam sobre o ensino da diáspora e história africana nas escolas, aprender sobre conscientização racial e identidade nacional ainda não é uma realidade para muitos estudantes.
O “Tem Cor no Ensino” foi desenvolvido com o objetivo principal de trabalhar a história dos povos escravizados dentro do contexto histórico brasileiro, de forma a proporcionar conhecimentos que até então não faziam parte ou não eram tão abordados no currículo escolar. O projeto acontece em duas vertentes: blocos de entrevistas realizados com a participação de todos os envolvidos a respeito de assuntos específicos e revista em quadrinhos disponibilizada em versão PDF.
“Tem Cor no Ensino” contou também com a participação de dois alunos da professora Keilla, os irmãos Rafael Henrique Carvalho, 13, e Caio Henrique Carvalho, 15, ilustradores da HQ do projeto. A participação dos estudantes foi autorizada pelos responsáveis.
Rafael contou ao Negrê sobre a importância em cooperar para um projeto dessa magnitude. “Ao aceitar participar, eu pude entender a importância do aprendizado e saber mais sobre a produção de um projeto”. O estudante Caio Henrique também percebeu mudanças. “Eu pude desenvolver a capacidade de desenhar e aperfeiçoar meu traço”, disse.
Os estudantes não se limitaram a apenas desenvolver personagens com a pele negra, mas estudaram sobre traços, características dos indivíduos, hábitos e vestimentas, para que as pessoas realmente se identificassem.
“Eu tive um certo receio em convidá-los para participar do projeto exatamente por estar ciente das demandas que eles têm por conta da escola, mas eu fiz a proposta mesmo assim”, disse Keilla. Mesmo com todas as dificuldades devido à pandemia, os alunos e a professora afirmam que foi um trabalho muito satisfatório.
Keilla falou ainda sobre sua relação com os alunos: “Quando eu comecei a dar aula pro Rafa, notei que ele tinha dificuldade de se afirmar enquanto negro e eu falei para ele: ‘você é negro’”. A professora negra, como é conhecida na escola, busca promover uma relação de amizade com os estudantes e cooperar nos processos de conscientização racial, por meio da troca de conhecimentos.
Houve uma grande procura pelo projeto. Os números informados até o fechamento desta matéria são de que foi solicitado por educadores de 24 estados e do Distrito Federal. Até o momento, o “Tem Cor no Ensino” alcançou cerca de 32 mil estudantes em 295 escolas. A equipe já planeja a continuidade, com conteúdos sobre povos indígenas, dia do geógrafo, mês da visibilidade LGBTQIA+ e mês da mulher afro-latino americana e caribenha.
Foto de capa: Vlada Karpovich/Pexels.
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Comunicóloga apaixonada por entender e melhorar a jornada do usuário e a qualidade do atendimento. Além disso, cursa Mestrado e MBA em Comunicação Corporativa e Negócio na ENEB – Escuela de Negocios Europea de Barcelona, com o objetivo de aprimorar seus conhecimentos e habilidades em comunicação corporativa, estratégica e intercultural. Desenvolveu como trabalho de conclusão de curso em Publicidade e Propaganda, uma pesquisa sobre a importância da comunicação no combate ao preconceito étnico-racial, com o objetivo de contribuir para uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.