Atlântico Escrita Negra

Vale a pena ler Americanah, de Chimamanda Adichie

Eu sempre tento conhecer a história e um pouco da sociedade e política da Nigéria através da teatralidade dos filmes de Nollywood, mas são sempre os livros de Chimamanda Adichie, 43, que me trazem maior clareza sobre como funciona aquele país, sobre como as mulheres são vistas e como querem ser vistas. 

Acabei de finalizar a leitura de Americanah, que é mais que um livro sobre romance: é sobre a sociedade nigeriana e como os Estados Unidos tratam raça e classe como se não houvesse distinção. 

Ifemelu é uma jovem nigeriana que sonha com uma vida diferente. Ela é diferente. Não quer ser como as outras mulheres e ficar calada diante de injustiças ou viver uma vida baseada na do esposo. Ela tem um grande amor de escola e faculdade, Obinze, e eles fazem vários planos  para o futuro, mesmo quando Ifemelu decide estudar nos Estados Unidos (incentivada por Obinze). As faculdades na Nigéria estão sempre em greve por falta de verba e pagamentos de salários, por isso ela decide ir.

Obinze não quer sair do país, pois tem medo que sua mãe morra e ele esteja distante. Então, os dois planejam que assim que ele terminar a faculdade na Nigéria, vai encontrá-la nos Estados Unidos. 

Depois de algum tempo no novo país, sem conseguir emprego nem se adaptar à vida, Ifemelu acaba entrando em depressão e, num momento de desespero, ela aceita dinheiro em troca de sexo pra se sustentar. O episódio acaba com sua autoestima e com a confiança que tinha em si e em Obinze. Por isso, ela se vê na obrigação de deixá-lo, já que não tem coragem de conviver com ele depois do que fez. Obinze passa anos sem compreender o porquê Ifemelu se afastou.

Cada um está vivendo a vida, com relacionamentos, empregos, formas de se comunicar e de viver em sociedade diferentes. Enquanto Ifemelu está nos Estados Unidos vivendo uma sociedade mais livre, Obinze está na Nigéria onde o poder e o dinheiro estão na mão de poucos, incluindo ele mesmo.

Mas é nos Estados Unidos que Chimamanda, através de Ifemelu, nos traz as principais nuances sobre como é ser negro em outro país: “eu só me descobri negra quando entrei nos Estados Unidos, afinal de contas, na Nigéria são todos negros”, diz Ifemelu. Ela começa a ficar famosa ao escrever um blog sobre as diferenças entre ser negro-americano e negro-estrangeiro e sobre como os brancos tratam os negros.

Essa distinção entre raça e classe que ela compreende a partir da estadia no novo país é o que tenha a iniciativa de criar um site. Por causa do blog, ela começa a ficar famosa.

Estar nos Estados Unidos, ter fama com o blog ou mesmo ter tido os melhores namorados não faz com que Ifemelu esqueça Obinze, que pelo que ela sabe, se tornou milionário e está casado. Ela retorna para a Nigéria, e todas as diferenças entre seu país e a América do Norte começam a fazer muito mais sentido, ao perceber que é seu desejo permanecer no local onde nasceu.

Depois de muito tempo ela e Obinze se reencontram e passam a viver um romance secreto, afinal, ele está casado. Mas será que esse romance vai seguir? Será que o amor de adolescência ainda prevalece? Será que esse amor amadureceu e eles conseguirão continuar juntos? São perguntas que só podem ser respondidas pelo livro.

A obra. Foto: Reprodução.

Ficha técnica

Título original da obra: Americanah
Ano da primeira publicação: 2013
Número de páginas: 520
Valor: entre R$34,00 e R$50,00 reais
Onde comprar: Amazon, Companhia das Letras, Saraiva, Mercado Livre, Estante Virtual, Magazine Luiza, Americanas, Submarino

Foto de capa: Reprodução/No7.

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