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8 autores nordestinos são finalistas do Prêmio Jabuti 2020

Atualizada às 20h34 do dia 23/11/20

O Prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio na literatura brasileira, tem em sua lista de finalistas oito autores nordestinos na edição 62ª deste ano. Os cearenses: a escritora Jarid Arraes, 29, e o jornalista e escritor Bruno de Castro, 34, as pernambucanas, a jornalista e escritora Jaqueline Fraga, 30, e a historiadora e poeta Bell Puã, 27. Além do baiano, o ilustrador e quadrinista Hugo Canuto, 34.

Além destes, outros autores nordestinos, como a paraibana Patrícia Rosas, o pernambucano Francisco Leite, além dos baianos Itamar Vieira Junior e Alan Alves Brito.

O prêmio, concedido pela CBL (Câmara Brasileira do Livro), foi idealizado em 1959 por Egard Cavalheiro e o secretário Mário da Silva Brito, juntamente com outros membros da diretoria, com o objetivo de premiar autores e artistas que mais se destacam a cada ano.

O elemento central dessa premiação é sua abrangência, pois valoriza, acima de tudo, a qualidade dos trabalhos de cada autor e todas as áreas que envolvem uma produção literária, sendo um dos maiores objetivos de quem produz um livro.

Conheça os finalistas nordestinos

Bahia

A obra Contos dos orixás (2018) do baiano que é artista visual, ilustrador e quadrinista Hugo Canuto concorre na categoria Histórias em Quadrinhos. Uma obra que retrata o legado das civilizações africanas e conta a história, valorizando potência, dos orixás no formato histórias em quadrinhos.

O baiano Hugo Canuto. Foto: Divulgação.

O Torto Arado (2019), do escritor baiano Itamar Vieira Junior, concorre na categoria Romance Literário. A obra conta a história de Bibiana e Belonísia, duas irmãs que vivem no sertão baiano e que encontram uma faca escondida na mala de sua avó. Curiosas e encantadas, as meninas pegam o objeto e sofrem um acidente. A partir daí, ambas estarão ligadas, tendo que uma ser a voz da outra.

Itamar Vieira Junior. Foto: Letras UFMG.

Astrofísica para a educação básica: a origem dos elementos químicos no Universo (2019), dos autores e professores Alan Alves Brito e Neusa Teresinha Massoni, baiano e rio grandense do sul, respectivamente, concorre na categoria Ciências. O livro traz novos olhares sobre a educação de conceitos científicos da Física, Astrofísica e da tabela periódica com o objetivo de contribuir para uma aprendizagem que forme alunos participativos na sociedade e respeite a diversidade.

Alan Alves Brito. Foto: Astro Pontos.

Ceará

O autor cearense Bruno de Castro informou em entrevista ao site Negrê que o livro é uma homenagem e também um presente para sua mãe. Uma junção das memórias de ambos que resultou em E, no princípio, ela veio (2020), presente na categoria Crônica da premiação. A obra foi lançada no dia 6 de março em uma solenidade na Caixa Cultural Fortaleza.

A mãe do escritor e jornalista Bruno de Castro. Foto: Arquivo pessoal.

O escritor falou sobre o misto de sentimentos ao ser indicado a um prêmio tão significativo. “Tem espaços que a gente não pode se dar ao luxo de não ocupar”, ressalta Bruno.

O escritor ainda pontua sobre a importância e representatividade que a indicação traz enquanto homem negro e nordestino de periferia ao poder ocupar esta posição e ter seu trabalho reconhecido e apreciado de tal forma. Bruno está finalizando um livro infantil e em seus trabalhos busca construir um diálogo entre a vontade de escrever e a temática social.

“A gente é uma construção e cada um tem seu tempo certo para florescer na negritude”, diz o jornalista.

Bruno de Castro. Foto: Arquivo pessoal.

A escritora cearense Jarid Arraes é finalista da premiação com o livro Redemoinho em dia quente (2019) na categoria Conto. A obra já é vencedora do Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e traz contos sobre mulheres brasileiras que não se encaixam em padrões e desafiam e quebram expectativas. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com a escritora Jarid Arraes, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

Jarid Arraes. Foto: Reprodução/Instagram.

Paraíba

O projeto Desengaveta meu texto, da professora paraibana Patrícia Rosas, concorre na categoria Fomento à Leitura. Criado em 2017, após experiências de sala de aula da professora, o Desengaveta meu texto tem o objetivo de incentivar a leitura para além da obrigatoriedade escolar.

Patrícia Rosas. Foto: Reprodução/Facebook.

Pernambuco

O livro Negra Sou: a ascensão da mulher negra no mercado de trabalho (2019), da jornalista pernambucana Jaqueline Fraga, foi idealizado durante sua graduação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A autora desejava escrever algo que fosse significativo e impactasse e inspirasse as pessoas. Ele está na categoria Biografia, Documentário e Reportagem do prêmio. E Jaqueline Fraga é a única mulher presente na categoria.

Então, surgiu a ideia de uma série de reportagens sobre a história de mulheres negras que atuam em profissões consideradas as mais valorizadas do país. Quatro anos depois, Jaqueline voltou a entrevistar essas mulheres e concluiu a escrita do livro, lançado na Bienal Internacional de Pernambuco no fim do ano passado.

“Estar entre os finalistas do Prêmio Jabuti é de uma alegria e de um orgulho imensos, especialmente por ser o meu primeiro livro e por tê-lo lançado de forma independente”, diz a escritora.

Após o anúncio, o número de leitores interessados na obra aumentou consideravelmente e a jornalista está vivendo um momento muito gratificante em sua trajetória profissional.

Jaqueline Fraga, autora do livro Negra Sou. Foto: Arquivo pessoal.

A pernambucana Bell Puã, autora da obra Lutar é crime (2019), é também finalista do prêmio na categoria Poema. Ela é atriz, poeta, cantora, compositora e mestra em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Estruturas do patriarcado, racismo e demais injustiças dentro da sociedade brasileira são temas retratados no livro.

A pernambucana Bell Puã. Foto: Reprodução/Instagram.

O livro Publicidade Antirracista: reflexões, caminhos e desafios (2019), organizado pelos professores e pesquisadores, Francisco Leite e Leandro Leonardo Batista, pernambucano e paulistano, respectivamente. concorre na categoria Economia Criativa. A obra reúne quinze artigos de diversos autores e pesquisadores que trazem reflexões para uma publicidade contra o racismo no país. Além disso, a versão e-book do livro está disponível gratuitamente no site da Universidade de São Paulo (USP).

Francisco Leite. Foto: Arquivo pessoal.

A cerimônia de premiação acontecerá no próximo dia 26 de novembro.

*Com colaboração de Larissa Carvalho e Sandra Roza.

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