A artista suíço-brasileira Eva de Souza foi homenageada com a inclusão da obra têxtil Zamambaia: a testemunha silenciosa no arquivo público Cantonale de Berna, capital da Suíça. A seleção tem o objetivo de preservar obras artísticas de relevância histórica e cultural para as futuras gerações.
A obra, um bordado, mostra a dor e a resistência em meio às violências estruturais que afetam principalmente mulheres negras e comunidades marginalizadas. Eva utiliza a arte têxtil como ferramenta de protesto e reflexão, aliando delicadeza estética e contundência política.
“Esse é o meu protesto contra as desumanidades, o esquecimento e o abandono. Zamambaia ilustra o racismo estrutural e a violência contra a mulher negra que perdura por gerações. A cada linha, um traço de pensamento e um desenho de ativismo”, explica.

Ideia da obra
Eva de Souza propõe no tecido uma narrativa entre o cuidado da linha e a força do grito silenciado. A natureza e a violência caminham lado a lado na composição, contrastando a beleza da flora com a presença de uma realidade brutal, como a truculência policial.
“Bordar é minha forma de expressão, de elaboração e também de cura. Falar por meio da arte é criar conexão. Ser reconhecida por essa obra me dá uma sensação de imortalidade e me alegra por representar o Brasil na Europa, promovendo uma arte plural e diversa”, afirma Eva.
Radicada na Suíça há mais de 30 anos, a artista atua também como atriz e ativista. Os trabalhos da carreira propõem transformações para uma sociedade mais justa e respeitosa.
Com a incorporação de Zamambaia ao acervo do Cantonale, Eva entra para um seleto grupo de artistas cujo trabalho ultrapassa fronteiras e se consolida como patrimônio artístico internacional.
Foto de capa: Nikkol Rot.
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