O empreendedorismo negro vem se tornado uma realidade bastante comum no Brasil, que promove a valorização da identidade negra através de produtos e serviços feitos por essas pessoas racializadas. 51% dos empreendedores do país são negros, em que a afrodescendência é o centro da produção, de acordo com o levantamento em 2017 do Global Entrepreneurship Monitor. No Rio Grande do Norte, existem diversos segmentos do empreendedorismo afro que contribuem e colaboram para a valorização da cultura negra no estado.
O Espaço Dreadlooks é um exemplo de empreendedorismo negro no Rio
Grande do Norte. Ele foi idealizado pela trancista e dreadmaker Elderlanne Tibiano, 25, que há seis anos promove cultura e autoestima das pessoas negras através do cabelo. Para a idealizadora, o afroempreendedorismo é uma forma de evolução e revolução das pessoas negras. “A partir do momento que começamos a gerir o nosso próprio negócio, temos uma visão muito ampla para novos horizontes”, explica Elderlanne.
Durante esses anos a dreadmaker vem aperfeiçoando seus conhecimentos
através de cursos de capacitação relacionados aos cabelos afro. Em setembro de 2020 o Espaço realiza mais uma turma de workshop de cabelos afro e para a Elderlanne é fundamental repassar esse conhecimento adquirido para outras pessoas. “Todas as pessoas começam a fazer tranças tem uma missão de resgatar e repassar, não apenas o penteado, mas toda a história do cabelo afro”, afirma. Atualmente, o espaço promove além de penteados, tranças e dread, a possibilidade de novas pessoas aprenderem sobre esses conteúdos, além de uma loja de acessórios e produtos de cabelos afro que iniciou em 2020.
Outro exemplo de empreendedorismo negro no RN é o Mãe Preta, que surgiu em 2014 com o objetivo de promover e difindir a estéstica e a cultura afrobrasileira a partir de vestimentas e acessórios, com peças confeccionadas por eles mesmo. A responsável pelo Mãe Preta é a Marília Negra Flor. Além de empreendedora, ela também é mãe, educadora formada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como também artista, cantora, compositora e uma das fundadoras da Nação Zamberacatu, que é a primeira Nação de Maracatu do estado
do Rio Grande do Norte.
Para Marília, o afroempreendedorismo é uma forma de expressar a autonomia das pessoas negras. “Compreendo o afroempreendedorismo como uma das maiores fontes de emancipação do povo preto, pensar um capital que gira por nós e para nós em prol da nossa comunidade”, explica.
O número de afroempreendedores está crescendo cada vez e um dos
exemplos de feira que promove a cultura afro é a Feira Preta, o maior festival de cultura negra da América Latina. Reúne centenas de afroempreendedores e apresenta diversidade de produtos e serviços ofertados por pessoas negras que valorizam a cultura afrobrasileira.
Saiba mais:
Espaço Dreadlooks
Telefone: (84) 9.8759-4681
Instagram: @espacodreadlooks
Mãe Preta
Telefone: (85) 9.8533-4265
Instagram: @mae.preta
Foto de capa: Arquivo Pessoal.
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A jornalista potiguar Allyne Paz é apaixonada por arte e cultura. Há três anos é envolvida em produção audiovisual e trabalhou no setor de produção da TV Universitária do Rio Grande do Norte (TVU/RN) nos programas Cena Potiguar e Olhar Independente. Um dos seus trabalhos desenvolvidos na TVU foi o programa Peri, premiado como o Melhor Programa de TV Universitária, na última edição do Festival Aruanda (2019). Além da TV, foi diretora de produção dos curtas Mãe e Preta, produzido pelo Coletivo Mulungu, e do Asfixia, uma produção do projeto 70 Olhares, que é realizado pelo Ministério da Cidadania, com a produção do Instituto Cultura em Movimento – ICEM. Além disso, a jornalista tem experiência com assessoria de imprensa e produção de conteúdo para mídias sociais. Defende uma comunicação feminista e antirracista, pois sabe que ela acarreta melhorias na sociedade.