Baseado em fatos reais, o longa-metragem Judas e o Messias Negro (2021) veio para trazer história, irmandade negra, potência de comunidade e traição ao mesmo tempo. A produção cinematográfica chegou aos cinemas na quinta-feira passada, 25, e é estrelada pelos atores, o britânico Daniel Kaluuya (Corra!), 32, e o norte-americano Lakeith Stanfield (The Photograph), 29. Está disponível também no HBO Max.
Judas e o Messias Negro (2021) é um filme intenso, potente, necessário e bem pesado. Traz um resgate histórico porque tem como pano de fundo o contexto de ascensão do líder do Partido dos Panteras Negras ou Black Panther Party (BPP) nos Estados Unidos, Fred Hampton (1948-1969), interpretado com muita maestria por Daniel Kaluuya. Visionário, ele reúne vários pretos e pretas que também acreditam na revolução e em seus princípios. É sentido de perto uma irmandade negra muito forte e um espírito admirável da ideia do que seja uma comunidade. O que começa a chamar muita atenção.
Do outro lado e não muito longe, nas primeiras cenas, temos o ladrão de carros William O’Neil, interpretado por Lakeith Stanfield. Em seus assaltos bem-sucedidos, ele fingia ser um agente do Federal Bureau of Investigation ou Departamento Federal de Investigação (FBI). Mas quando é descoberto, acaba sendo coagido por um agente verdadeiro do FBI a se infiltrar no Partido. Ou isso ou ele pegaria anos de prisão.
Traição e conflito moral
Infelizmente, William O’Neil escolhe ser o Judas dentro de uma narrativa muito bem construída e com cenas bem marcantes. Ele entra para a comunidade do Messias Negro, Fred Hampton. Ganha respeito, ganha confiança dos seus. É uma pena que as armadilhas do sistema o leva para um caminho sem volta, apesar dele tentar desistir do que o obrigam a fazer.
O próprio sistema norte-americano – que está contra pretos e pretas – provoca a traição, já conhecida pela história bíblica. E tudo isso, arquitetado por homens brancos. Talvez o pior estrago dessa trama seja aquele em que um preto se vê sem saída ao ter que trair seu povo; forçado por um sistema e por brancos, que se beneficiam disso. Não será à toa que isso o faz entrar num conflito moral muito severo consigo mesmo.
Mas que tipo de final trágico (ou não) se pode esperar de um longa como Judas e o Messias Negro? E se o Judas, também negro, for descoberto? O pode acontecer com ele e os seus? Qual será a maior lição que levaremos?
Confira o trailer:
Ficha técnica
Judas e o Messias Negro
Ano: 2021
País de origem: Estados Unidos
Gênero: Drama/História
Duração: 126 min
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Shaka King
Elenco: Daniel Kaluuya, Lakeith Stanfield, Jesse Plemons, Dominique Fishback, Ashton Sanders, Darrell Britt-Gibson, Lil Rel Howery, Algee Smith e Martin Sheen
Roteiro: Shaka King e Will Berson
Produção: Charles King, Ryan Coogler e Shaka King
Distribuição: Warner Bros. Picture
Disponível: HBO Max e Amazon Prime Video / Google play e Youtube (para aluguel)
Foto de capa: Divulgação.
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Jornalista profissional (nº 4270/CE) preocupada com questões raciais, graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É Gestora de mídia e pessoas; Fundadora, Diretora Executiva (CEO) e Editora-chefe do Negrê, o primeiro portal de mídia negra nordestina do Brasil. É autora do livro-reportagem “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza” (2021). Em 2021, foi Coordenadora de Jornalismo da TV Unifor. Em 2022, foi indicada ao 16º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Jornalista revelação – início de carreira”. Em 2023, foi indicada ao 17º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Região Nordeste” e finalista no Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira em 2023 e 2024. Soma experiências internacionais na África do Sul, Angola, Argentina e Estados Unidos.