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A (des)presença do negro.

A despresença do negro. Muitas vezes, pessoas negras são acometidas pela vontade de desaparecer da sociedade. Vontade essa que nos dá vontade de sumir realmente de todos os problemas sociais os quais nos apoiam; fugir de todas as problemáticas que fazem parte do nosso contexto social, muitas vezes, de periferias, entre outras coisas.

Mas ao mesmo tempo, a sensação de traição e raiva constante ou até mesmo de insegurança e desconfiança que nos cerca o tempo todo e que nos atravessa de formas surreais dentro das estatísticas que a gente faz parte. Pa, pa. Aqui vai um amigo. Pa, pa. Aqui vai um conhecido.

Cada vez mais a gente que passa pelos diferentes sofrimentos dentro da sociedade e vai começando a desacreditar no futuro que a gente pode construir. Desacreditar até das possibilidades de sobrevivermos até onde os números se espremem.

E quanto mais a gente começa a pensar nisso, mais dá vontade, sim, de aprender coisas para que nós possamos nos enquadrar. Mas o grande segredo é a gente desaprender as coisas para poder superar tudo aquilo o que nos ensinaram que era errado, mas disseram que foi certo.

Porque, quem mantém o status quo, tem a condição de ditar algumas regras até que a gente possa despertar para que essas regras não sejam feitas apenas para nos controlar. Mas que essas regras sejam feitas para trazer equidade a uma sociedade desigual.

Foto: Imagem gerada por Inteligência Artificial (IA) no Canva.

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Ganhar e perder

Então, eu trago aqui mais uma vez a Lauren Hill que, na música Lost Ones (Os Perdidos), fala: “Você pode ganhar algumas vezes, mas você acabou de perder uma”.

Ela fala de uma maneira muito interessante nessa música, a garantia de que outras pessoas dentro do grupo que ela fazia parte se fazia quase como um controle, imaginando que: “OK, você tá ganhando bastante. Mas e agora? Como é que a gente vai fazer?”.

Então, dentro da sua tomada de liberdade, onde aqueles pensavam que ela não poderia fazer mais nada, não poderia ir além, Lauren Hill começa uma jornada por si própria para se educar daqueles que achavam que era melhor do que ela, para ser uma das melhores de todos os tempos! E isso faz toda a diferença.

Porque a lei do retorno, que é uma das coisas que ela acredita bastante, pode sim trazer uma grande atenção àqueles que foram oprimidos. Então, quantas vezes você já se deparou com estatísticas que foram quebradas a partir daquilo que pensavam que você poderia ser?

Aos 30 anos, você ser ligado ao crime, você ser ligado às drogas, você ser ligado aos diferentes outros cenários e você não conclui em nada disso. Ou conclui em uma escala diferente, né? Se liga, essas coisas em uma escala a qual não leva a sua morte, nem o seu envolvimento com atitudes ilegais. Pare para pensar quantas vezes você já quebrou as estatísticas.

Foto: Imagem gerada por Inteligência Artificial (IA) no Canva.

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Olhando além

E agora, o que você pode fazer com essa realidade? Já parou para imaginar que a partir de agora você tem um futuro para construir? A partir dos valores que lhe protegeram até aqui, esses valores que podem vir daquela voz da sua mãe dizendo: “Não cola com errado. Faz aquilo que a certo, seja honesto”. Essas vozes que trouxeram valores que não podem ser trocados nem vendidos. Mas essas frases que trouxeram valores; permeados de amor, permeados de carinho, permeados de emoções que, muitas vezes, dizem que a gente não tem. Muitas vezes dizem que a gente não recebe, mas a gente recebe.

Agora, por meio da dureza das gerações anteriores, às vezes, a gente pode receber isso de uma maneira meio complicada, não nego. Mas valores que são importantes para trazer um aspecto de ascensão para a gente. Participando do grupo de estudos do Coletivo Negrada, eu achei muito interessante porque isso que eu falei foi uma das coisas que eu ouvi.

Eu ouvi mais de uma vez dentro da minha jornada profissional. E foi muito interessante ouvir pela terceira ou quarta vez uma pessoa negra periférica falar da seguinte forma: “Caramba, eu superei as expectativas! Ultrapassei as estatísticas. E agora o que que eu vou fazer?”.

Foto: Imagem gerada por Inteligência Artificial (IA) no Canva.

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Após o futuro

Agora é a hora de gozar da liberdade que nunca lidera. Agora é a hora de se empoderar como aquele que fugiu das estatísticas. Não por medo, mas por sobrevivência. E agora é a hora de viver. É a hora de botar toda a sua coragem à frente. É a hora de você entrar numa faculdade, é a hora de você superar as adversidades!

É a hora de você compreender que você é mais do que as pessoas imaginaram, mais do que os números já exprimiram. Você agora faz parte daqueles 400% que cresceram. E, hoje, ingressam na faculdade ou podem ingressar na faculdade.

Hoje você faz parte daqueles mais de 50% que estavam ali pensando em novas possibilidades de se desenvolver e de empreender. Hoje você pode ser a mudança que a gente faz. E mais do que tudo, hoje você é aquele que a estatística perdeu. Aproveite. Sim.

Referências

Foto de capa: Imagem gerada por Inteligência Artificial (IA) no Canva.

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