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O ensino nas faculdades e a propagação do racismo na saúde

Ao falar sobre o ensino médico no Brasil, é preciso lembrar de como a eugenia e o “racismo científico” desenharam políticas públicas de saúde e, por consequência, os currículos médicos. Em 1911, durante o Primeiro Congresso Universal de Raças, em Londres (Inglaterra), o Brasil apresentava a tese de redução étnica. Reforçada e aceita por grandes nomes da ciência (medicina, principalmente) e políticas mundiais; a teoria propunha que, em pouco mais de um século, por meio da mestiçagem, tanto “mestiços quanto raça negra seriam completamente extintos” do território nacional.

Também apresentava a análise sobre a situação da população negra do País que, desde a abolição da escravatura (1888), estava exposta a todas as espécies de agentes de destruição e sem recursos para se manter, mantendo-se periférica à sociedade. O que estava tendendo, logicamente, ao desaparecimento do território nacional.

A elite intelectual e política brasileira escreveu DIVERSAS VEZES que a população negra do país jamais teria influência nos rumos da nação brasileira. Em um Estado cuja representação política, social e intelectual, sabendo das condições de extrema precariedade da população negra; escolheu observar e esperar o completo branqueamento e subsequente “limpeza” da população brasileira… é de se espantar que a medicina, que a saúde, enquanto instituição, não esteja a serviço desse grupo?

Foto: Tima Miroshnichenko/Pexels.

Por isso, eu questiono: qual o papel de profissionais que ainda tem seus currículos recheados de conteúdos, teorias e procedimentos que foram elaborados por e para a concretização de “ciências” eugênicas senão questionar e buscar fazer diferente? E mais, será que estamos fazendo isso tudo?

Foto: Cottonbro Studio/Pexels.

Cuidado em saúde de qualidade não se faz sem antes olhar pra si, olhar para a própria formação e aceitar que nossas bases assistiam felizes a completa aniquilação do povo não-branco no país.

Foto de capa: Cottonbro Studio/Pexels.

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