Após 100 anos da renúncia de Dom Pedro I ao trono brasileiro, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) homenageou o Giovanni Líbero Badaró, jornalista que ficou conhecido por ser um dos mais importantes opositores do imperador Dom Pedro I, e como homenagem, a ABI reconheceu a data de 7 de abril como o Dia do Jornalista. Em 2022, nesta data está sendo abordado os avanços do jornalismo, a democratização da informação e a resistência dos profissionais. Entretanto, é necessário questionar sobre onde estão os jornalistas negros deste país.
A população negra é maioria no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira é formada por quase 54% de pessoas negras. Entretanto, quando se trata de espaços de poder, esse número infelizmente é baixo, apenas 20% dos jornalistas no Brasil se autodeclaram pretos ou pardos. Além disso, atualmente 98% dos jornalistas que se declaram negros no Brasil consideram que profissionais racializados sofrem mais obstáculos no exercício da profissão do que jornalistas brancos, esses dados foram apresentados no estudo “Perfil Racial da Imprensa Brasileira”, realizado por Jornalistas&Cia e divulgado em novembro do ano passado.
Cada vez mais estão sendo desenvolvidos veículos de comunicação alternativos e antirracistas justamente para suprir essa lacuna de pessoas racializadas em espaços tão importantes para a sociedade, como a mídia e jornalismo. Portais de notícias como o Site Negrê tem se espalhado por todo Brasil, que tem como objetivo principal disseminar informações decoloniais e com ênfase nas pautas raciais, que em diversas situações não tem destaque na mídia hegemônica e tradicional.
Foto de capa: Ono Kosuki/Pexels.
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A jornalista potiguar Allyne Paz é apaixonada por arte e cultura. Há três anos é envolvida em produção audiovisual e trabalhou no setor de produção da TV Universitária do Rio Grande do Norte (TVU/RN) nos programas Cena Potiguar e Olhar Independente. Um dos seus trabalhos desenvolvidos na TVU foi o programa Peri, premiado como o Melhor Programa de TV Universitária, na última edição do Festival Aruanda (2019). Além da TV, foi diretora de produção dos curtas Mãe e Preta, produzido pelo Coletivo Mulungu, e do Asfixia, uma produção do projeto 70 Olhares, que é realizado pelo Ministério da Cidadania, com a produção do Instituto Cultura em Movimento – ICEM. Além disso, a jornalista tem experiência com assessoria de imprensa e produção de conteúdo para mídias sociais. Defende uma comunicação feminista e antirracista, pois sabe que ela acarreta melhorias na sociedade.