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Canal de cultura afrourbana Trace chega ao Brasil

Há um mês, no dia 25 de julho, estreou no Brasil o canal de TV de origem francesa, Trace, voltado para a cultura afrourbana, disponível nas operadoras Vivo (canal 630), NET e Claro (canal 624).

De nome “Trace Brazuca“, a marca chegou ao país com parceria entre Oliver Louchez, cofundador e José Papa, ex-CEO do Cannes Lions, o Festival de Publicidade de Cannes, na França. A Trace francesa surgiu em 2003 e atualmente está disponível em 120 países. O canal possui forte presença em países africanos e caribenhos. 

No entanto, segundo o cofundador Louchez, o Brasil era prioridade na expansão global da marca. “O Brasil é o segundo país mais negro do mundo, atrás somente da Nigéria”, disse ele. 

Louchez destaca que um canal voltado para a cultura negra no Brasil, composto por cerca de 56% de pretos e pardos, é de extrema importância. “Estamos trazendo esse elemento da cultura afrourbana ao Brasil. É a peça que faltava (na TV), e nós estamos trazendo ela”, evidenciou o cofundador.  

O youtuber e influencer AD Júnior é head marketing do canal no Brasil. Ele destacou que, mesmo os negros sendo a maioria populacional no país, não detêm poder econômico e nem representatividade na frente e atrás das câmeras das emissoras de TV.

Para ele, é importante que pessoas negras tenham espaço para mostrar sua visão de mundo e contar suas próprias histórias. “Nosso objetivo é entreter, empoderar e trazer uma narrativa que não seja caricata para a comunidade periférica e afrobrasileira”, ressaltou. 

O Trace Brazuca entrou no ar em 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, com uma entrevista com a cantora Elza Soares.

Em sua primeira semana, exibiu diversos filmes e documentários dirigidos por Sabrina Fidalgo, uma das mais influentes e importantes cineastas negras do país.

A programação também conta com playlists de músicas, notícias, além de outros formatos que discutem empreendedorismo, cultura, ciência, tecnologia, culinária e história. 

Outro ponto importante do canal brasileiro é o fato de ele ter uma mulher negra como chefe de programação, a jornalista Kenya Sade. Segundo ela, é gratificante trabalhar em uma emissora de cultura afrobrasileira que traz narrativas positivas e conteúdos relevantes. 

“A maioria das pessoas envolvidas na produção do canal são negras e não poderia ser diferente. Tem sido uma experiência de pertencimento, de olhar-se no espelho e orgulhar-se da imagem refletida”, declarou Kenya. 

Em 2019, José Papa já havia feito uma conexão entre Brasil e o canal francês. Com espaço na emissora RedeTV!, começou a ser exibido, semanalmente, naquele ano, entrevistas no programa Trace Trends, que não deixarão de ser apresentados na rede aberta. 

“A visão do Olivier (Louchez) de empoderamento e de alinhamento com a cultura periférica, da importância das raízes afro para entretenimento e desenvolvimento humano, nasceu muitos anos atrás. Muito do que os movimento globais têm sugerido e refletido começou há mais de 17 anos”, frisou Papa. 

Eles também pretendem, futuramente, expandir a marca para outros meios de comunicação como o YouTube e o rádio.

Confira o teaser de apresentação do canal:

Foto de capa: Tolu Bamwo/Nappy.

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