Considerado como um dos primeiros heróis negros a ter história própria nos quadrinhos da Marvel, Carl Lucas (nome de batismo), ou mais conhecido como Luke Cage (Mike Colter), chegou ao universo dos defensores como um herói urbano, lutando contra a desordem e o crime no Harlem (EUA). A série (2016), com 13 episódios em cada temporada, traz cenas ambientadas na cidade de Nova Iorque, em um histórico bairro de Manhattan, o Harlem. Lugar onde se contempla a cultura, a realidade social e o comércio da comunidade afro-americana.
Muito antes do filme Pantera Negra (2018), a produção do Luke Cage da Marvel em parceria com a Netflix teve um elenco majoritariamente negro. Com alguns personagens com atores brancos, a minoria, no caso. Após sua segunda temporada, que não teve resultados satisfatórios, o seriado foi cancelado pela Netflix. Portanto, não houve renovação para a terceira temporada.
A primeira aparição de Mike Colter no universo cinematográfico da Marvel em parceria com a Netflix, foi como coadjuvante na série de Jessica Jones (Krysten Ritter), na pele do próprio Luke Cage, estreada em novembro de 2015. Agora em sua própria narrativa, que acontece alguns meses após o fim da primeira temporada de Jessica Jones, o herói de rua acaba se revelando como um guarda-costas de quem paga mais no bairro. Ele passa a agir assim após receber uma recompensa, quando salva o gerente de uma lanchonete de um assalto. Curiosamente, ele nunca deixa de fazer justiça no final.
Depois de ter sido preso injustamente, Luke Cage, ex-presidiário fugitivo da polícia, divide o seu tempo trabalhando na barbearia do respeitado Pop (Frankie Faison) e na casa noturna de um poderoso empresário do bairro, Cornell Stokes (Mahershala Ali), a Harlem’s Paradise. Na prisão, ele passa por um experimento feito por um médico pesquisador e adquire habilidades, como força sobre-humana, pele à prova de balas, alto e acelerado poder de cura e maestria em lutas corporais. Quando volta ao seu bairro de origem, ele muda de identidade e tenta viver uma vida normal sem muitas regalias.
O cenário da trama é bem realista ao mostrar a corrupção presente no Harlem (EUA). Ela é incorporada no empresário Stokes, também conhecido como Boca de algodão, um homem poderoso, dono da Harlem’s Paradise, envolvido com tráfico de drogas e armas no bairro. Mas ele não é o único corrupto do lugar. A trama também conta com a prima de Stokes como vilã, Mariah Dillard (Alfre Woodard), ou mais conhecida como Black. Ela é uma vereadora ambiciosa que acaba se rendendo aos negócios do parente.
Trilha sonora
A música é também outro detalhe muito forte na série. A trilha sonora reforça o diálogo com a cultura negra, trazendo estilos, como o hip hop, rap, jazz e até o blues, ambientados no do Harlem, lugar que teve presença de personalidades, como Malcolm X (1925-1965). A série ainda faz referência a nomes da música negra através da admiração de Stokes pelo The Notorious B.I.G (uma lenda do rapper do Brooklyn, outro bairro nova-iorquino) com um quadro do rapper no escritório de sua casa noturna.
Criação da personagem
Influenciado pelo “Blackploitation”, movimento que surgiu durante o ano de 1970 e que tem como significado “Exploração de negro”, o escritor Stan Lee (1922-2018) incentivou a Marvel a introduzir o herói negro nas histórias em quadrinhos. Esse movimento foi conhecido por investir na presença do negro norte-americano no cinema com diretores também negros. Geralmente, esses heróis são de bairros pobres e reproduzem gírias e palavrões da cultura negra. Quando os quadrinhos de Luke Cage começaram a ser idealizados, a tarefa de elaborar o roteiro ficou com Archie Goodwin (1937-1998) juntamente com John Romita, 90. George Tuska (1916-2009) contribuiu como desenhista.
Primeira aparição
Luke Cage surgiu no ano de 1972 e foi um dos primeiros heróis negros a protagonizar uma história própria no universo dos quadrinhos da Marvel. Anterior a ele, heróis, como Raio Negro (1965) e Pantera Negra (1966), surgiram como coadjuvantes no Quarteto Fantástico (1961). Falcão (1969) foi outro herói que chegou como coadjuvante no Capitão América (1940). Lanterna Verde (1971) surgiu pela primeira vez como coadjuvante com John Stewart, 57, após ter surgido como protagonista branco com Alan Scott (1940). O herói também apareceu em outras histórias de quadrinhos da Marvel, como Defensores (1971), Heróis de Aluguel (1972), Homem Aranha (1962), Vingadores (1963) e Quarteto Fantástico (1961).
Importância da série
Idealizada por Cheo Hodari Coker, 47, um homem negro, e composta, em sua maioria, por um elenco com atores negros, não há como negar a importância de Luke Cage para o universo das séries Marvel. Isso porque a série foi lançada no momento que muito se questiona acerca da violência da polícia dos Estados Unidos contra a população negra que, certamente, não é à prova de balas como Cage. Além disso, a indústria televisiva está se apropriando do debate sobre a diversidade racial na atualidade. Assim, a série busca legitimar a representatividade negra, que até então era pouco explorada no universo das histórias de super-heróis e nas séries Marvel.
Confira o trailer de Luke Cage (2016):
Ficha técnica
Ano: 2016
País de origem: Estados Unidos
Formato: Série
Temporadas: 2
Nº de episódios: 13 (em cada temporada)
Duração: 44-69min
Gênero: Ação/Aventura
Classificação indicativa: 16 anos
Direção: Andy Goddard, George Tillman Jr., Marc Jobst e Paul McGuigan
Roteiro: Archie Goodwin, Cheo Hodari Coker, George Tuska e John Romita, Sr.
Elenco: Alfre Woodard, Brian Marc, Frankie Faison, Mahershala Ali, Mike Colter, Parisa Fitz-Henley e Theo Rossi
Produção: Cheo Hodari Coker e Jeph Loeb
Foto de capa: Divulgação/Netflix.
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Jornalista profissional (nº 4270/CE), preocupada com questões raciais, e graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É Gestora de mídia e pessoas; Fundadora, Diretora Executiva (CEO) e Editora-chefe do Negrê, o primeiro portal de mídia negra nordestina do Brasil. É autora do livro-reportagem “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza” (2021). Em 2021, foi Coordenadora de Jornalismo da TV Unifor. Em 2022, foi indicada ao 16º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Jornalista revelação – início de carreira”. Em 2023, foi indicada ao 17º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Região Nordeste” e finalista no Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira. Soma experiências internacionais na África do Sul, Angola, Argentina e Estados Unidos.
