Uma das grandes alegrias de 2019 foi o lançamento do disco AmarElo, do rapper Emicida. Com temáticas sobre conquistas, amor, amizade, generosidade e batalhas do dia a dia, as músicas tocaram nossos corações e deram esperança quando as expectativas e ânimos estavam baixos.
Em 2020, Emicida traz uma nova alegria aos corações do público ao lançar o documentário “Emicida: AmarElo – É Tudo pra Ontem”, em parceria com a Netflix. O fio condutor da obra de 89 minutos foi o show histórico realizado em novembro de 2019, no Theatro Municipal de São Paulo.
O Theatro Municipal de São Paulo foi inaugurado em 1911, após quase oito anos de construção, mas poucas vezes em mais de 100 anos foi ocupado majoritariamente por um público negro. O show é uma homenagem ao povo negro, representado em cada canção do disco, em cada clip lançado.
Em entrevista ao El País Brasil, Emicida disse: “Não sou o primeiro artista negro, não sou o primeiro representante de um movimento popular a subir naquele palco. Mas conseguimos criar um contexto onde levamos para lá um número imenso de pessoas que passam ao redor do Theatro todos os dias, mas não se perguntam: ‘por que a gente nunca entrou nesse teatro?’ Porque nunca nos convidaram a pertencer a ele”.
Em 89 minutos, a narrativa de Emicida conduz o espectador para além de apenas um making off do show de 2019. O documentário é uma autobiografia do menino Leandro, que viu Deus em uma mulher preta, construindo um hino para representar as nossas mães e avós, e todas as nossas ancestrais negras. Ele nos fez acreditar que somos como “passarinhos soltos a brincar no ar, dispostos a buscar um ninho nem que seja no peito do outro”.
Mas além de biografia, “Emicida: AmarElo – É Tudo pra Ontem” é sobre reparação histórica e análise sociológica, assim como cada canção do disco AmarElo. Cada canção é analisada e refletimos sobre como cada uma delas traz um pedaço do dia a dia do povo negro e da nossa cultura.
Paramos pra pensar sobre as pequenas alegrias da vida adulta e toda a responsabilidade que alcançamos também. Pensamos sobre os amigos e, acreditamos que a maioria de nós tem alguém com quem contar, porque quem tem um amigo tem tudo. Mas é ao lado de Majour e Pablo Vittar, a partir da canção de Belchior, que decidimos que já sangramos demais e vamos sobreviver. Reafirmamos que temos a nossa própria voz.
E, realmente, como disse o pastor batista Paulo Henrique em uma das canções: o amor é amarelo.
Ficha técnica
Emicida: AmarElo – É Tudo Pra Ontem
Ano: 2020
País de origem: Brasil
Duração: 89 minutos
Classificação: 12 anos
Gênero: Documentário, Música
Dirigido por: Fred Ouro Preto
Disponível: Netflix
Foto de capa: Divulgação.
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Formada em Jornalismo e com especialização em mídias digitais, a baiana tem dedicado sua carreira ao mercado audiovisual há oito anos, quando iniciou na área. Já atuou como produtora executiva em obras para a televisão e em diversas funções dentro da produção de uma obra. Apaixonada por filmes e séries, se considera uma viciada que assiste mais de seis obras por semana.