A instalação dedicada ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), feita pelo escultor húngaro Péter Szalay, foi erguida na quinta-feira, 1º de abril, e retirada na manhã seguinte. O fato aconteceu em Budapeste, na Hungria.
Com um metro de altura, a obra foi impressa em 3D e retratava a Estátua da Liberdade de Nova York nas cores do arco-íris. Lady Liberty estava ajoelhada, com o punho direito cerrado, símbolo do movimento Black Power, e segurando uma placa que dizia: “Black Lives Matter“, o que gerou desconforto na população do país governado por Viktor Orbán.
Em entrevista ao Euronews, Szalay disse antes do ocorrido que já imaginava que sua obra pudesse sofrer algum tipo de dano assim que estivesse à disposição do público. A estátua deveria ter ficado em exposição por duas semanas.
“Eu realmente esperava isso, mas o destino da estátua acabou sendo ainda mais interessante do que eu pensava”, disse, depois que seu trabalho artístico foi retirado. “A destruição mostra quanta repressão existe na sociedade. Também mostra como as pessoas são capazes de se confrontar de maneira bruta por simples diferença de opinião”, afirmou o escultor.
“As listras do arco-íris são, sem dúvida, muito provocativas para os vândalos. Eles já se ofenderam apenas com o arco-íris, embora também seja um símbolo bíblico. Depois do dilúvio, foi um sinal celestial de que o desastre acabou”, falou Péter.
A estátua causou alvoroço depois que ganhou um recente concurso de arte pública no nono distrito da capital húngara.
“Black Lives Matter é basicamente um movimento racista. O racista não é a pessoa que se opõe a uma estátua BLM, mas a pessoa que a ergue”, se equivocando a respeito do conceito de racismo, afirmou Gergely Gulyás, o chefe de gabinete de Orbán. Por outro lado, a prefeita do distrito, Krisztina Baranyi, disse: “Os objetivos do BLM de se opor ao racismo e à brutalidade policial são tão relevantes na Hungria quanto em qualquer outro lugar”.
O artista Szalay disse ainda que ficou muito nervoso quando a estátua foi erguida porque um partido político de extrema direita húngaro havia prometido impedir que ela fosse erguida. “Eu temia que algum tipo de atrocidades pudessem ser sentidas já durante a montagem. Felizmente, não foi o caso”, disse.
Houve “mais ação” do que Péter imaginava quando a obra de arte foi instalada, com manifestantes espalhando tinta sobre a figura e colocando pranchas em volta dela antes que ela fosse removida. “Teria sido uma sorte se as pranchas tivessem permanecido, porque teriam protegido a estátua. Isso torna a vida após a morte da estátua ainda mais interessante”, acrescentou.
Foto de capa: RTL Klub.
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Quando criança, sonhava em ser escritora. Hoje, é graduada em Letras e Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Produtora cultural, simpática, TCC nota 10 e faz tudo.