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Parlamentares negras e trans denunciam violência política no Brasil

As parlamentares Erika Hilton, 28, Carolina Iara, 28 e Ana Lúcia Martins, 54, denunciaram os sucessivos casos de violência política em forma de atentados à vida e ataques de ódio, físicos e virtuais, na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

A audiência denunciou a negligência do Estado brasileiro em adotar medidas imediatas de proteção às parlamentares e pediu que o órgão internacional cobre o Estado pela criação de métodos de combate à violência contra mulheres negras e trans.

Erika Hilton, primeira vereadora trans e negra da cidade de São Paulo e a mulher mais votada do Brasil em 2020, denunciou a perseguição sofrida por defensores de direitos humanos e mulheres negras. “Eu mesma fui perseguida na Câmara de Vereadores de São Paulo. Tentaram invadir meu gabinete. Iniciei meu mandato tendo que processar mais de 50 pessoas por ataques racistas e transfóbicos”, contou a vereadora.

Carolina Iara, co-vereadora negra e intersexo, representante do mandato coletivo Bancada Feminista em São Paulo pelo PSOL, relatou um atentado político que sofreu na madrugada de 26 de janeiro, quado teve sua casa alvejada por tiros. A co-vereadora não teve direito a escolta pela Câmara de São Paulo, que alegou que a legislação não prevê segurança para mandatas coletivas.

Ana Lucia (PT), primeira vereadora negra eleita em Joinville (SC), protestou sobre as ameaças que sofreu logo após o resultado do pleito do ano passado. “A violência dirigida a mim atinge diretamente meus filhos, amigos e eleitores”, afirmou. “Sabemos que a omissão do Estado tem uma origem, a mesma que nega o racismo o qual a população negra sofre”, disse.

“Queremos alertar especialmente sobre a má gestão da pandemia e o impacto de um governo que tem se colocado contra os direitos humanos e tem sido um dos responsáveis pelo aumento e direcionamento dessa violência contra populações e grupos vulnerabilizados, historicamente tidos como minoritários, mas que também enfrentam o aumento na violência contra esses grupos de defensores de direitos humanos”, disse Bruna Benevides, da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). Bruna é a primeira mulher trans na ativa da marinha brasileira.

“Acessar mecanismos internacionais para denunciar a violência política contra mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas no Brasil é importante para expandir esta pauta globalmente, trazer novos atores que nos ajudem a pressionar o estado brasileiro a adotar medidas de segurança e proteção. Neste mês, três anos do assassinato de minha irmã Marielle Franco, estamos avançando para que nenhuma mulher tenha que sofrer mais nenhum tipo de violência”, completou Anielle Franco, que representou o Instituto Marielle Franco na audiência.

Foto de capa: Divulgação/PT.

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