Arte enquanto instrumento de reflexão, descobertas e aceitação. Foi a partir dessa premissa que M. Dias Preto idealizou a exposição “Campo de Passagem: Movimento Ondulatório”, que será inaugurada nesta quarta-feira (1), das 18h30 às 21h30, e segue até dia 10 de dezembro, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), em Fortaleza (CE).
A exposição conta com curadoria de Diego de Santos e, durante a abertura, haverá apresentações especiais da DJ Bugzinha e da cantora Ana Lu Dias. A mostra é pensada a partir do livro de artista “Campo de Passagem”, que M. Dias Preto desenhou em 2020, resultante de investigações autobiográficas geradoras de um rito de passagem entre as fases da sua vida.
Entre um apanhado de memórias que transmitem ao mesmo tempo, presente, passado e futuro, o artista cearense apresenta 80 trabalhos em fotografia, colagem, desenho, instalação e audiovisual.
“Por meio do álbum de família, faço uma reconstrução fictícia de memórias de um corpo dissidente, revelando um processo de registro histórico e biográfico em oposição ao apagamento colonial que fora imposto à população afro, indígena e LGBTQIA+”, destaca M. Dias Preto.
Nesse contexto, a exposição é um aglutinado de experimentações técnicas através de intervenções em fotografia, utilizando, por exemplo, strass adesivo, restauração e colorização digital de fotografia de arquivo, recorte de fragmentos de imagens, ilustração digital e processo de queima e costura sobre fotografia. E são justamente a partir desses processos que se constrói o foco sobre o real e o imaginário.
M. Dias Preto acredita que, ao intervir nas fotografias, é possível intervir em sua própria vida. Expondo seus processos de cura, também encoraja outros corpos dissidentes a buscarem se reconhecerem em suas próprias histórias.
“O apagamento histórico sobre corpos afro, indígenas e LGBTQIA+ reverbera até os dias atuais através do pouco acesso a imagens fotográficas das suas ancestrais. Isso implica na falta de reconhecimento e representação imagética das dessas origens, deixando em branco o espaço que é tomado pela cultura da LGBTQfobia e do racismo. E é justamente esse espaço que queremos ocupar”, complementa.
De um fundo preto se sobressai um conjunto de imagens de caráter documental e aspectos subjetivos, e que revela os principais interesses de uma relação profunda com a linguagem da fotografia e do vídeo. A disposição deriva de um pensamento de colagem e sintetiza uma espécie de arquivo cotidiano e ancestral.
Está feito o convite ao reconhecimento de um campo de atuação. Porém, de algum canto dele, caímos inevitavelmente na extensa teia afetiva que vem sendo entrelaçada por M. Dias Preto. Complexa, brilhosa, texturizada, colorida, preta e colaborativa, a trama acontece no espaço expositivo como um eco, nos lembrando que lá atrás houve luta pelo direito ao sonho.
E então, a realidade se afirma como um corpo de trabalho que avança com força e sem a menor pretensão de recuar.
Dessa forma, os trabalhos estarão expostos no CCBNB de modo a construir uma narrativa que possa despertar o interesse pelo manuseio das folhas do livro, que também estará à disposição dos visitantes. “Além disso, como forma de ampliar essa experiência sinestésica, o visitante também terá acesso a áudios com narrações dos meus textos, que dialogam com todas as etapas que envolvem o “Campo de Passagem”, finaliza M. Dias Preto.
Serviço:
Exposição “Campo de Passagem: Movimento Ondulatório”, de M. Dias Preto
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste R. Conde d’Eu, 560 – Centro, Fortaleza – Ceará
Abertura: 1º de novembro de 2023, às 18h30, com apresentação de DJ Bugzinha e Ana Lu Dias.
Visitação: até o dia 10 de dezembro de 2023, horário de visitação: terça a sábado de 9h às 17hs.
Entrada Franca
Classificação indicativa: 14 anos
Foto de capa: Divulgação.
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