Ceará Som de Preto

Gilberto Gil, Criolo, Tasha & Tracie e mais; Confira a presença negra no Festival Zepelim

Atualizado às 13h00 do dia 20/08/2023

O Festival Zepelim de Música e Artes será realizado neste sábado, 19, e no domingo, 20, no Marina Park, na zona oeste de Fortaleza (CE). A programação traz 24 atrações com uma pluralidade cultural, que vai do MPB de Gilberto Gil ao rap de Tasha e Tracie. Outros nomes negros, como Luedji Luna, Rachel Reis, Thiago Pantaleão, Criolo, Xamã, as bandas BaianaSystem, Nação Zumbi, o trio Gilsons e o conterrâneo fortalezense Mateus Fazeno Rock, do bairro da Sapiranga, também estão confirmados para o evento.

Realizado anualmente na Capital cearense, o festival é um evento musical e cultural que celebra a diversidade artística, reunindo artistas renomados e talentos emergentes e proporcionando ao público uma experiência imersiva e inspiradora. Além das apresentações musicais, o Zepelim integra diversas formas de arte, criando um caminho para se consolidar como um dos principais eventos de entretenimento do país.

Foto: Kaio Cesar/Festival Zepelim.

Antes da realização do evento, toda a equipe de staff passou por um treinamento sobre conscientização de racismo, assédio, LGBTQIAP+Fobia e a importância de combatê-los sempre; e quais/como devem ser os protocolos de enfrentamento durante o Festival. Nesta edição, será montado um espaço para apoio e acolhimento de mulheres e pessoas LGBTQIAP+ que venham a passar por algum tipo de situação de violência, bem como denúncias de racismo.

Foto: Kaio Cesar/Festival Zepelim.

Confira os artistas negros!

Fotos: Divulgação e Reprodução/Instagram.

Gilberto Gil

Tropicália, exílio na ditadura, 9 grammys e o cargo de Ministro da Cultura fazem parte das seis décadas de legado de Gilberto Gil, hoje com 81 anos. O cantor e compositor que estreou o primeiro álbum em 1967 se tornou ícone da MPB, da representatividade negra e até hoje consegue dialogar com todos os públicos. Não à toa é uma das atrações mais cotadas do festival, ainda mais pela parceria com BaianaSystem, com quem em 2020 apresentou o show “Gil Baiana” em Salvador. É difícil escolher dentre tantos sucessos, mas indicamos “Andar com fé”, canção atemporal do álbum “UM BANDA UM”, de 1982 e, do mesmo disco, a poesia em melodia “Esotérico”. Com a banda Baiana, torcemos para a apresentação de “Barracos da cidade”.

Gilsons

Gilsons é um trio musical brasileiro de MPB formado em 2018. O grupo é formado por José Gil, Francisco Gil e João Gil, respectivamente filho e netos de Gilberto Gil. O trio lançou um EP de estreia: “Várias Queixas”. O resgate das influências baianas e da ancestralidade misturados a uma roupagem moderna recheada de pop, samba, música eletrônica e ritmos afro marca os hits que fazem o corpo balançar sem perceber. 

BaianaSystem

A banda formada em 2009 por Roberto Barreto, Seko Bass e Russo Passapusso iniciou como um projeto com o objetivo de encontrar novas possibilidades sonoras para a guitarra baiana, instrumento criado em Salvador (BA) nos anos 1940, responsável pela criação do trio elétrico. O nome vem da junção de “guitarra baiana” com “Sound system“, que são sistemas de som criados e popularizados na Jamaica. O discurso politizado também é outro ponto de destaque do Baiana System, já que o marcante conceito visual também se agrega com referência às antigas festas de largo – popular em Salvador, traços e representações ancestrais na direção visual de Filipe Cartaxo.

Luedji Luna

Luedji Luna pretendia seguir a carreira política dos pais e formou-se em Direito, mas a atração artística se mostrou forte demais e ela foi estudar Música na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2017, lançou o álbum Um Corpo No Mundo no qual o axé de Banho De Folhas se tornou um de seus maiores sucessos com seu ritmo de guitarra africana, afrobeat e um tanto de jazz. Além do sucesso já citado, há um destaque no álbum Bom mesmo é estar debaixo d’água, onde a faixa Ain’t got no – canção do musical Hair que se tornou um hino de resistência negra na interpretação da cantora, compositora e pianista norte-americana Nina Simone (1933-2003).

Rachel Reis

Nascida em Feira de Santana (BA), Rachel Reis tem 25 anos, é cantora e compositora. O trabalho é uma mistura da essência da música de seu estado com referências do universo pop, afrobeat e MPB, tendo em sua lista de inspiração nomes como BaianaSystem, Gilberto Gil, Amy Winehouse e Jorge Ben. A sua carreira na música começou em 2016 com covers, versões em barzinhos e eventos de sua cidade. Seu álbum “Meu esquema” lançado em 2022 tem sucessos dançantes como “Maresia” e “Lovezinho”, e o mais recente single “Bateu” tem a participação da banda Gilsons e Mulú. Contamos com essa parceria ao vivo no palco.

Mateus Fazeno Rock

Mateus é o elo fundador e criativo do Fazeno Rock, potente rede de produção cultural formada por artistas ligados pelo rock de favela. O projeto busca contrapor às formas hegemônicas de criar rock sob as influências do grunge, punk, funk br, rap, reggae/dub e r&b. O show Fazeno Rock ainda conta com um balé coreografado por Larissa Ribeiro, o dj Viúva Negra e o backing vocal de Mumutante e Ag. Diretamente da Sapiranga, periferia de Fortaleza, está cada vez mais ganhando espaço nacional, participando de festivais como Circo Voador, onde abriu o show da banda Nação Zumbi, e é atração confirmada para o Primavera Sound em São Paulo. Recentemente lançou seu segundo álbum “Jesus Ñ voltará” e as indicações são “Pode ser easy” com Mumutante, e “Melô de Aparecida”, além da faixa que dá nome ao álbum e tem a participação de Jup do Bairro.

Nação Zumbi 

Idealizado por Chico Science em 1993, “Nação Zumbi” tem nome em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder quilombola que liderou fugas e morreu em nome da libertação de seu povo. Apesar do falecimento do criador em 1997, Chico deixou sua essência no que veio a se tornar uma das bandas mais importantes e revolucionárias da música brasileira, com sua sonoridade única e marcante. Jorge Du Peixe assumiu os vocais da banda posteriormente, e dentre tantas mudanças na formação da banda durante esses anos de sucesso, Toca Ogan, da percussão, e Alexandre Dengue, do contrabaixo, são os únicos que estão desde a criação do grupo, sendo Toca o único negro. 

Criolo

Do Grajaú, na periferia de São Paulo, para o mundo, Criolo escreveu e ainda escreve seu nome na história da música brasileira passeando entre hip hop, samba-rock, afrobeat e reggae fusion. Aos 11 anos, começou a escrever rap influenciado por grupos como Racionais MC’S e Facção Central. Também começou a participar de batalhas rap em 1989, e em 2006, lançou seu primeiro álbum de estúdio, intitulado “Ainda Há Tempo” ainda utilizando como seu nome artístico Criolo Doido, mais tarde reduzindo para apenas Criolo, no mesmo ano fundou a Rinha dos MC’s existente até hoje. Ela promove batalhas de freestyle, shows semanais, exposições de grafite e fotografias e foi responsável pela formação de rappers como Emicida e Rashid. Em 2022 lançou seu sexto álbum de estúdio intitulado “Sobre Viver” com faixas sensíveis e pontuais como “Pretos ganhando dinheiro incomoda demais” e “Me corte na boca do céu a morte não pede perdão” com participação de Milton Nascimento.

Xamã

Esse é o nome artístico de Geizon Fernandes. Antes de passar a se dedicar totalmente à música em 2017, o rapper carioca de Sepetiba, Zona Oeste do Rio, trabalhou em lojas, foi camelô, vendedor de amendoim e já falou sobre usar as rimas como atrativo para os clientes. Acabou que atraiu tanto que hoje é um dos maiores nomes do rap, com 4 álbuns de estúdio e diversas parcerias de sucesso, nunca desiste de reivindicar o preço da passagem de ônibus. Seu último álbum lançado foi  “O último romântico online”, mas o “O Iluminado”, de 2020, até conta com um curta metragem que revela o lado cinéfilo e ator do artista. O primeiro, “Pecado Capital”, de 2018, tem faixas muito boas como “soberba” e “avareza”, indicamos também seu mais recente single “Sereia”.

Tasha & Tracie

Aos 28 anos, as irmãs gêmeas Tasha e Tracie Okereke são referências para jovens negras no rap e na moda.  As cantoras são as responsáveis pela criação dos movimentos “MPIF” – sigla para “Mulher preta independente de favela” e  “Expensive Shit”, um blog com dicas de moda, música e outras variedades que visam a valorização da autoestima e da autonomia negra por meio de conhecimento, arte, e informação. Desde seu primeiro lançamento em 2019 com o EP “Rouff”, estão alcançando nível internacional. As rappers foram indicadas ao BET HipHop Awards 2022, uma das maiores premiações de rap do mundo, e recentemente foram apontadas como referência para o rapper americano Kendrick Lamar. Dentre todos os hits, indicamos “POCO”, single de 2020, e seu último lançamento, o EP “Yin e Yang”, com participação de Kyan e Rapper Gregory.

Thiago Pantaleão

Aos 25 anos, Thiago Pantaleão tem conquistado cada vez mais seu lugar no disputado cenário musical pop brasileiro. Thiago expressa forte e livremente sua opinião por meio da arte, sendo um cantor membro da comunidade LGBTQIAPN+ e abordando a temática em suas canções, assim como também pautas raciais. Seu primeiro álbum “Fim do Mundo”, lançado em 2022 é um mix de pop rock e R&B. Indicamos os hits “Desculpa por eu não te amar” e “Te deixo crazy” com participação de Danny Bond.

Confira a programação

19/08/2023 (sábado)

Mateus Fazeno Rock / Lamparina / Rachel Reis / Selvagens à Procura de Lei & O Grilo / Gilsons / Luedji Luna / Gilberto Gil / Nação Zumbi & Academia da Berlinda / BaianaSystem / Tasha & Tracie / Mulú

20/08/2023 (domingo)

Makem canta Rita Lee / Thiago Pantaleão / FBC / Lagum / Criolo / Duda Beat / Ney Matogrosso / Marina Sena / Xamã / João Gomes / Tropkillaz

Veja os detalhes

Festival Zepelim de Música e Artes

Data: 19 e 20/08/2023 (sábado e domingo)
Horário: a partir das 14 horas
Local: Marina Park Hotel
Endereço: Av. Presidente Castelo Branco, 400 – bairro Moura Brasil, Fortaleza (CE)

Foto de capa: Kaio Cesar/Festival Zepelim.

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