Com batidas ritmadas de forma a levar os ouvintes à um transe de fé e amor, o reggae nasce nas ruas marginalizadas de Kingston, na Jamaica, como o louvor de um povo que luta pela sua plena emancipação, um povo que reivindica com amor, personalidade e fé na vida, mudanças nas estruturas sociais. O reggae como expressão artística do povo preto, imprime uma realidade pós-colonial de um povo que sente, que acredita e protagoniza sua própria forma de amar.
Considerado um patrimônio imaterial da humanidade, o ritmo jamaicano ganhou o coração de outros guetos pelo mundo, dando valor às referências pretas, desmistificando temas, como o uso medicinal e cerimonial da maconha, viabilizando o amor entre corpos pretos, e refazendo um novo conceito de humanidade, já que todos somos filhos de Jah.
Com forte influência dos atabaques africanos e dos cultos do rastafári, uma religião presente hoje na Jamaica, o reggae sempre teve seus elementos próprios, que se mostravam fortes vetores contra o sistema de opressão.
O amor que ginga os corpos de maneira suave, traduz a resistência das mentes que querem resgatar o seu eu em África, e libertar seu pensamento dos ideais colonizadores. O louvor a Jah, a estética dos dreadlocks, e a bandeira verde, vermelho e amarelo, tem origem no rastafarianismo; antiga expressão religiosa preta, nascida na Etiópia nos anos 30, em adoração do primeiro imperador negro do território, Haile Selassie. Ele, em seu império, durante 1930 a 1974, fez a sua nação livre das correntes de opressão, tornando livre a expressão do povo.
Grandes referências do reggae internacional, que fizeram a mensagem tocar tantos corações, são Peter Tosh, Alpha Blondy, Bob Marley, Yellow Man, Johnny Nash, entre outros.
E não podemos esquecer da forte influência do reggae para a diáspora brasileira. O estado do Maranhão, preserva em sua cultura forte influência do reggae, que veio para o estado nos processos migratórios e pela importação feita por artistas e DJ’s locais. Eles, geralmente, viajavam para a Jamaica e faziam a curadoria das músicas (popularmente chamadas de pedradas) e discos populares no exterior. E traziam para acalorar os bailes de reggaes no Renascer (como é chamado o centro histórico de São Luís). Até hoje, em todos os bares tradicionais da cidade, o reggae é tocado 24 horas. São Luís conserva a tradição dos bailes, além de possuir o museu do reggae que registra toda trajetória do reggae na cultura tradicional do Estado.
O responsável por popularizar o reggae em todas as comunidades brasileiras, foi Edson Gomes. As composições do cantor baiano são quase que um patrimônio da cultura reggueira, denunciando os episódios de racismo cotidiano, as desigualdades de classe, e também o incessante desejo do povo preto de amar.
O reggae faz a alma dançar pela liberdade. O reggae é símbolo da resistência, da fé e do amor preto. Viva o reggae!!!
E para comemorar o Dia Mundial do Reggae, deixo minha playlist, que como uma boa reggueira, enchi de pedradas, espero que curtam.
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Axé família!