A poetisa paulistana, Thata Alves, lançou o jogo da memória “Baobá é Memória”, no seu Instagram. Inspirado em Orixás, o brinquedo lançado em dezembro é voltado para o público infantil e proporciona o aprendizado sobre os Orixás de modo intuitivo e inconsciente pelas crianças, além de contribuir para a quebra de estigmas sobre a demonização das religiões de matriz africana. Esse é o primeiro trabalho lúdico de Thata voltado ao público infantil, que traz também valores africanos como a humildade, o respeito aos mais velhos e a oralidade.
Segunda a poetisa, “Baobá é Memória” surge de um momento em que ela percebe que não comprava mais brinquedos para seus filhos. Quando decidiu voltar a comprar, não se identificou com nenhum brinquedo no mercado. Sobre isso, Thata fala também dessa ausência de mais referências infantis em possibilidades de consumo, relembrando da própria infância, quando ela e o irmão ganharam um Bíblia Infantil com imagens de Jesus criança.
Para Thata, a lei brasileira 10.639/03, que estabelece o ensino obrigatório da história da cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o médio, é “pouco efetiva”. Diante disso, a poeta pretende também fazer jus à essa lei, introduzindo o “Baobá é Memória” nas escolas.
Alguns Oxixás que estão conectados ao jogo da memória são Ossain, o senhor das matas e da cura através das folhas; Exú, o senhor da comunicação; Ogum, o senhor da tecnologia; e Oxum, senhora do amor. Para Thata, o jogo da memória “foi um presente de meu Orí e de Ogum por me dar esta ferramenta, esta tecnologia, que por meio de saberes ancestrais, vão introduzir de forma mais natural a filosofia de vida que o Candomblé é, além de agregar conhecimento cultural a nossas crianças.”
A poetisa explica ainda a relação de Exú e Oxum no seu trabalho: “Exú representa a possibilidade de adaptação de linguagem, e Oxum como agir com diplomacia perante ‘às pedras no caminho’. Quais as referências que nossas crianças pretas têm hoje de ancestralidade na mídia?”, questiona.
Outro estigma que Thata quer transcender a partir deste trabalho é o de “poeta periférica”. “Percebo que até em negociações de cachês com contratantes, quando colocamos nosso trabalho nessa caixinha, não somos tão valorizados quanto nossos próprios trabalhos merecem. Um artista contratado pela Rede Globo, que venha do Vidigal, não é lido como um artista periférico”, reflete.
Sobre Thata Alves
Thayaneddy Alves, a Thata Alves, é uma artista multimídia, que transita entre vídeo, performance e poesia. É também a idealizadora do Sarau da Ponte pra Cá há sete anos. Em 2016, Thata Alves reuniu seus versos e os publicou de maneira independente seu primeiro filho/livro de poesias chamado “Em Reticências”.
Em 2017, lançou sua segunda obra literária, o livro “Troca”. No ano seguinte, lançou seu primeiro livro infantil, com base nas vivências de seus filhos gêmeos, Bryan e Brenno, denominado “Ibejis – Poesias do meu ventre”, com selo Academia Periférica de Letras. Thata também participa e propõe espaços de discussão , além de trabalhos em parceria com os coletivos Praçarau, Slam das Minas, CITA (Cantinho de Integração de Todas as Artes) e a Casa de Cultura Candearte.
Sobre Sarau da Ponte pra Cá
O projeto Sarau da Ponte Pra Cá acontece desde setembro de 2014 e tem como principal objetivo dar continuidade a uma importante ação de difusão cultural e ressignificação do espaço público que vem acontecendo continuamente há quase cinco anos, de forma voluntária no bairro do Campo Limpo, periferia sul da cidade de São Paulo.
Atualmente, acontece na Praça João Tadeu Priolli (Praça do Campo Limpo) em parceria com o Espaço Cultural CITA – Ponto de Cultura, gerido por diversos coletivos artísticos da região.
O Sarau da Ponte Pra Cá, idealizado pela poetisa, mulher negra, artista multimídia e mãe Thata Alves junto a outras mulheres negras, promove intervenções de artes plásticas, descobertas de novos artistas e poetas, lançamentos de livros, shows de música e cultura popular, economia solidária, tudo isso em plena praça, na primeira segunda-feira de cada mês, no período noturno. O evento oferece total acesso de crianças, jovens e adultos da comunidade local, estudantes do entorno e especialmente pessoas em situação de rua, que veem no sarau a possibilidade de se expressar e repensar suas existências neste território.
Para comprar o “Baobá é Memória”, acesse o link.
Site: thataalvespoetisa.com
Instagram: @thataalvespoetisa e @saraudapontepraca
Facebook: Thata Alves | Sarau da Ponte Pra Cá
Youtube: Thata Alves – Poetisa
Foto de capa: Cartas do ‘Baobá é Memória’, dos Orixás: Iansa, Osun, Ossain e Osossi/ Divulgação.
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Sou um emaranhado de sonhos! Escrevo para me transformar e transformar o mundo! De amor e conexão pela escrita, escolhi o jornalismo como profissão. Hoje, sou Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) com o objetivo de contribuir, cada vez mais, para que a Comunicação e o Jornalismo sejam antirracistas.
