A obra “Efuru” (1966), romance de estreia da escritora nigeriana Flora Nwapa (1931-1993), chega ao Brasil por meio da Editora Moinhos. Com apresentação de Tathiana Cassiano e tradução de Tom Jones, a edição de 2023 vem com um propósito de introduzir a mãe da literatura moderna africana para os leitores brasileiros. Uma narrativa que traz a força e potência de Efuru, uma mulher nigeriana da etnia igbo. E questiona o papel da mulher como mulher, mãe, filha e esposa que pode transgredir dentro de uma sociedade.
“No desafio de colocar mulheres igbos no centro da narrativa literária e, por meio destas mulheres, descrever um mundo em transformação, Flora Nwapa torna Efuru um clássico, um marco na literatura feminina”. É o que diz Tathiana Cassiano sobre a obra no site da Editora Moinhos.
“Efuru” se tornou o primeiro livro escrito por uma mulher negra nigeriana a ser publicado em língua inglesa. Um grande marco para a literatura nigeriana que fez de Flora Nwapa uma referência para outras escritoras de sua geração e outras, e, consequentemente, a tornou mãe da literatura africana moderna. Nwapa é tida como precursora de Chimamanda Adichie.
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Sinopse
Efuru é o nome da protagonista que dá título à obra. A história da personagem demonstra os seus dilemas diante do casamento e da maternidade, pilares do papel social da mulher igbo no grupo étnico tradicional igbo da Nigéria da época. A trama mostra como Efuru negocia esse papel e, para isso, mobiliza o olhar do seu povo. Esse modo como se percebe o mundo, a criação e a relação entre o homem e o universo que o cerca, reserva um lugar de centralidade ao deus supremo que rege todas as coisas (Chukwu), ao chi (uma espécie de força criadora ou espírito pessoal de cada indivíduo) e aos espíritos dos ancestrais. São eles que regem a vida e alicerçam os valores de cada homem e mulher igbo, retratados na literatura de Flora Nwapa.
Sobre a autora
Florence Nwanzuruahu Nkiru Nwapa (1931-1993), ou tão somente Flora Nwapa, foi uma escritora nigeriana nascida na cidade de Oguta, na região leste da Nigéria. Filha de Martha Nwapa e Christopher Ijeoma, ela estudou na Memorial Girls School do Archdeacon Crowther, Port Harcourt, CMS Girls’ School, Lagos, University College Ibadan e Universidade de Edimburgo. Além de escritora, foi editora, professora e publicitária e ficou conhecida pela recriação das tradições e vida igbo pela ótica feminina.
Após ter abandonado a cidade de Lagos, em 1967, com a família, devido à guerra civil da Nigéria, Flora Nwapa retornou ao seu país e foi nomeada Oficial de Educação Feminina em Calabar. Depois foi para a Queen’s School, na cidade de Enugu, para ensinar inglês e geografia. Foi ainda Secretária Assistente (Relações Públicas) na Universidade de Lagos até regressar ao Estado do Centro-Leste durante a crise. Ao final da guerra, foi nomeada ainda membro do Conselho Executivo do Estado do Centro-Leste e, durante um tempo, a Comissária de Terras, Pesquisa e Desenvolvimento Urbano.
Além de escrever livros, fundou a Tana Press, a primeira editora a ser propriedade de uma mulher negra africana em toda a região oeste do Continente Africano. Entre 1979 e 1981, editou oito volumes de ficção para adultos, abrindo mais tarde outra editora, Flora Nwapa e Co., especializada em ficção para crianças. A sua jornada continuou com mais de uma dezena de publicações entre romances, histórias curtas e livros para o público infantil. Até mesmo antes do seu falecimento, em 1993, quando terminou de escrever sua última obra.
Flora Nwapa foi a primeira mulher nigeriana a ser publicada e é considerada por muitas a mãe da literatura africana moderna.
Ficha técnica
Título original da obra: Efuru
Ano da primeira publicação: 1966
Gênero: Romance
País de origem: Nigéria
Autora: Flora Nwapa
Apresentação: Tathiana Cassiano
Tradução: Tom Jones
Número de páginas: 288
Editora: Moinhos
Onde encontrar: www.editoriamoinhos.com.br / Amazon / Google / Kobo / iBooks / Livraria Cultura
Foto de capa: Reprodução/Instagram.
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Jornalista profissional (nº 4270/CE) preocupada com questões raciais, graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É Gestora de mídia e pessoas; Fundadora, Diretora Executiva (CEO) e Editora-chefe do Negrê, o primeiro portal de mídia negra nordestina do Brasil. É autora do livro-reportagem “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza” (2021). Em 2021, foi Coordenadora de Jornalismo da TV Unifor. Em 2022, foi indicada ao 16º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Jornalista revelação – início de carreira”. Em 2023, foi indicada ao 17º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Região Nordeste” e finalista no Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira em 2023 e 2024. Soma experiências internacionais na África do Sul, Angola, Argentina e Estados Unidos.