Radar Negro

7 invenções essenciais feitas por mulheres pretas

Há objetos ou invenções essenciais no nosso cotidiano, inventados por mulheres negras de diversas épocas, que, talvez, você não imaginasse de onde surgiu e quem inventou. Absorvente, Condicionador, GPS, Identificador de chamadas e chamada em espera, Ligação via Internet, Sistema de segurança residencial, Tábua de passar roupa. Pensando nisso, separamos uma lista no Radar Negro desta quinta-feira, 13.

Contamos um pouco sobre as trajetórias destas mulheres negras para que suas histórias e seus méritos não sejam esquecidos. Além destas invenções que fazem parte do nosso dia a dia de forma essencial.

Absorvente por Mary Kenner

Mary Beatrice Davidson Kenner (1912-2006) nasceu em Carolina do Norte (EUA). Foi inventora do chamado “Cinto Sanitário”, um dispositivo idealizado para mulheres antes da invenção do absorvente descartável como se conhece atualmente. Na época onde mulheres usavam absorventes de pano ou pedaços de tecido soltos, Mary inventou um cinto ajustável com um reforço embutido resistente a umidade para evitar que os absorventes tradicionais vazassem.

Mary Kenner (1912-2006), inventora do absorvente. Foto: Reprodução/Facebook.

Em 1957, ela patenteou a ideia e muitos investidores se manifestaram interessados e foram até sua casa em Washington (EUA) para conhecer a autora da invenção. Ao descobrirem ser uma mulher negra, se recusaram a patrocinar. Mary continuou inventando durante sua vida, patenteando objetos, como um porta-rolo de papel higiênico que deixava a ponta sempre ao alcance e um lavador para as costas embutido na parede do chuveiro. Mary morreu aos 93 anos.

Condicionador por Madame C.J. Walker

Sarah Breedlove, posteriormente Madame C.J. Walker (1867-1919), foi empreendedora de cosméticos capilares para mulheres negras e ativista social e inventora do condicionador. Nascida em Louisiana (EUA), Madame C.J. Walker é listada no Guinness Book como a primeira mulher negra a se tornar milionária nos Estados Unidos. A calvície e outras doenças do couro cabeludo eram comuns em mulheres negras dada a falta de encanamento interno em suas casas, dieta pobre e compostos agressivos usados em produtos para lavar os cabelos e as roupas. Sarah aprendeu com os irmãos, que eram barbeiros em St. Louis (EUA), alguns métodos de cuidados com os cabelos.

Madame C.J. Walker (1867-1919), inventora do condicionador e outros produtos capilares. Foto: Wikipédia.

Trabalhou para Annie Malone (1869-1957), uma empresária negra em produtos de cuidados com os cabelos, e, então, desenvolveu seus conhecimentos. Sarah vendeu seus produtos de porta em porta, ensinando outras mulheres negras. Desenvolveu o “Sistema Walker”, que consistia do uso de xampu, uma pomada para redução de danos e escovação com pentes de ferro. O sistema de uso de um condicionante após o xampu sempre fez parte do nosso cotidiano. Madame C. J. Walker morreu aos 51 anos, com uma fortuna estimada em 8 milhões de doláres.

GPS por Dra. Gladys West

Gladys Mae West, 90, é uma matemática norte-estadunidense nascida em Virgínia (EUA). Ela inventou o Sistema de Posicionamento Global ou Global Positioning System (GPS). No último ano do ensino médio, Gladys se empenhou, conseguiu uma bolsa de estudos e se graduou em Matemática. Por dois anos, também lecionou no condado de Sussex. Na base naval de Dahlgren, onde ingressou em 1956, seu trabalho era o de coletar dados de localização espacial vindo de satélites em órbita.

Dra. Gladys West, 90 anos, inventora do GPS. Foto: Adrian Cadiz.

Depois, foi selecionada como diretora do projeto do satélite Seasat, o primeiro que poderia fazer sensoreamento dos oceanos remotamente. Na época, Gladys também era programadora de supercomputadores e diretora do projeto de processamento de dados na análise de satélites. Gladys é sobrevivente de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), de complicações cardíacas e do câncer. Em 2011, foi creditada como uma de 100 mulheres inspiradoras e influenciadoras pela corporação de rádio e televisão British Broadcasting Corporation (BBC).

Identificador de chamadas e chamada em espera por Shirley Ann Jackson

Shirley Ann Jackson, 74, é física, nascida em Washington (EUA), em 1946. Em 1973, obteve um doutorado em Física Nuclear pelo Instituto de Tecnologia de Massachussetts, sendo a primeira mulher negra a se formar pela instituição. Também conduziu experimentos de sucesso no campo da física teórica e, através de seu interesse e conhecimento no campo da telecomunicação, enquanto trabalhava na empresa Bell Laboratories produziu pesquisas cruciais para a posterior invenção do fax, dos cabos de fibra ótica, e da tecnologia por trás do identificador de chamadas e da chamada em espera. A doutora é a atual presidente do Rensselaer Polythecnic Institute, a Universidade de pesquisa tecnológica mais antiga dos Estados Unidos.

Shirley Ann Jackson, 74 anos, inventora do identificador de chamadas e chamada em espera. Foto: Divulgação.

Ligação via Internet por Dra. Marian Croak

Marian Rogers Croak, 65, é vice-presidente de Engenharia no Google e cresceu em Nova Iorque (EUA). Formada na Universidade de Princeton e doutora em Psicologia Social e Análise Quantitativa pela Universidade do Sul da Califórnia (EUA). Em 1982, Marian entrou para a empresa AT&T Labs, onde defendeu a troca do uso de telefones com fio para protocolos de internet. Marian possui mais de 200 patentes, incluindo mais de 100 relacionadas aos serviços de conversação por voz na internet e também possui patente sob o serviço de doações através de mensagens, tecnologia revolucionária que foi usada na acumulação de doações para a população do Haiti após o terremoto de 2010. A doutora foi introduzida ao Hall da Fama de Mulheres na Tecnologia em 2013.

Marian Rogers Croak, 65 anos, inventora da ligação via internet. Foto: Wikipédia.

Sistema de Segurança Residencial por Marie Van Brittan

Marie Van Brittan Brown (1922-1999), nascida no distrito do Queens (EUA), foi uma enfermeira antes de ser uma inventora. Trabalhava em turnos irregulares e pela vulnerabilidade de, às vezes, passar noites fora de casa ou chegar tarde e ficar sozinha, a crescente onda de criminalidade no Queens se tornou uma preocupação. Com a ajuda do marido Albert Brown, técnico em eletrônica, desenvolveu um sistema de segurança com quatro olhos-mágicos e uma câmera móvel que transmitia toda imagem e som captados para um monitor. E poderia ser controlado remotamente através de ondas de rádio. O sistema de segurança dos Brown também incluía um botão de pânico que acionava as autoridades instantaneamente. Mais de uma dúzia de inventores citaram Marie como inspiração e ela recebeu um prêmio póstumo do Comitê Nacional de Cientistas (National Scientists Committee), segundo o site Timeline. Marie morreu aos 76 anos.

Marie Van Brittan (1922-1999), inventora do sistema de segurança residencial. Foto: Divulgação.

Tábua de passar roupa por Sarah Boone

Sarah Boone (1832-1904) era uma fabricante de vestidos, nascida na Carolina do Norte (EUA). Em 1892, obteve patente pelo aperfeiçoamento da tábua de passar roupa, possibilitando agora melhor resultado ao passar mangas e corpos de roupas femininas. A tábua era estreita, feita de madeira e curvada. Sua estrutura facilitava que coubessem mangas e era reversível, possibilitando que ambos os lados das mangas fossem passados. Com a aprovação da patente, Sarah foi uma das primeiras mulheres negras americanas a terem patentes. Apesar de pouca evidência histórica que ela tenha se beneficiado de sua invenção, o protótipo de Sarah se tornou um item indispensável.

Sarah Boone (1832-1904), inventora da tábua de passar roupa. Foto: Reprodução.
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