Diz a lenda que Robert Johnson conseguiu seu talento na música após fazer um pacto com o diabo numa encruzilhada. Se é verdade ou não, ninguém nunca conseguiu confirmar. O que se sabe é que, quando o músico tocava sua guitarra, era sobrenatural. E o documentário “O Diabo na Encruzilhada: A História de Robert Johnson”, da Netflix, faz uma investigação sobre o misterioso talento desse artista.
Quando Robert Johnson apareceu no cenário musical no Mississippi, estado estadunidense em que nasceu em 1911, todos os músicos e donos de casas de show consideravam sua música ruim. A primeira vez que ele tocou em público foi totalmente diminuído, tanto pela plateia quanto pelos músicos.
Humilhado, Robert desapareceu por mais de um ano, sem que ninguém ouvisse falar sobre ele. Quando retornou, para surpresa de todos, sua música era fenomenal: ele tocava a guitarra como se não estivesse presente e uma outra força tomasse conta do instrumento. A partir daí, todos passaram a acreditar que ele vendeu a alma ao diabo na encruzilhada entre as rodovias 61 e 49 na cidade de Clarksdale.
A partir do depoimento de artistas, fãs, amigos e familiares de Robert Johnson, o diretor do documentário, Brian Oakes, tenta construir a narrativa em busca de investigar de onde veio seu talento.
Mistérios
Tudo em torno da vida e da carreira de Robert Johnson parece pairar sobre mistérios. A causa da morte do músico é praticamente desconhecida. Alguns dizem que foi sífilis, outros dizem que foi devido ao consumo exagerado de álcool, mas uma das histórias mais impactantes diz que Robert morreu envenenado pelo dono do bar onde tocava, pois tinha um caso com a esposa do homem.
Robert morreu aos 27 anos, idade na qual diversos músicos morreram e, por isso, giram enredos mirabolantes explorados pela mídia. Conhecido como o Clube dos 27 (27 Club), a lista tem mais de 15 artistas como Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain e Amy Winehouse. O mito reforça ainda mais a ideia de que Robert Johnson tenha feito um pacto com o demônio.
O próprio cantor deu ainda mais amplitude ao mito quando lançou a canção Me and the devil blues (Eu e o demônio blues), em 1938, ano em que morreu. A canção narra um suposto encontro que ele teve com o demônio e diz:
“Eu disse Olá, Satan, acho que está na hora de ir’. Eu e o diabo estávamos andando lado a lado. (…) Baby, não ligo onde você vai enterrar meu corpo quando tiver partido e estiver morto. Você pode enterrar meu corpo lá embaixo na beira da estrada. E então meu velho espírito maligno pode pegar um ônibus da Greyhound e pilotar”.
Série ReMastered
O documentário de 48 minutos faz parte de uma série produzida pela Netflix chamada ReMastered, que tem também os filmes: Who Shot the Sheriff? (Quem matou o xerife?), sobre a tentativa de assassinato de Bob Marley em 1976; Nixon e o Homem de Preto – A história de Johnny Cash, que narra o encontro de Johnny Cash e o então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon; Quem matou Jam Master Jay, sobre o assassinato não resolvido do DJ americano; As duas mortes de Sam Cooke, sobre o músico que foi estrela do soul, mas também da luta pelos direitos civis e acabou assassinado aos 33 anos.
Além dessas histórias, a série traz também outros documentários: Massacre no Estádio, sobre o cantor Victor Jala, que, após sua morte, se tornou símbolo da luta contra a ditadura no Chile; O Rei Leão e o Músico Esquecido, sobre Solomon Linda, autor da canção do filme Rei Leão e que levou anos para ser reconhecido pela Disney; e O Massacre da Miami Showband, sobre o assassinato de três músicos da banda irlandesa em 1975.
Ficha Técnica
O diabo na encruzilhada: A História de Robert Johnson
Ano: 2019
País de Origem: Estados Unidos
Gênero: Documentário musical
Duração: 48 minutos
Direção: Brian Oakes
Foto de capa: Divulgação/Netflix.
Formada em Jornalismo e com especialização em mídias digitais, a baiana tem dedicado sua carreira ao mercado audiovisual há oito anos, quando iniciou na área. Já atuou como produtora executiva em obras para a televisão e em diversas funções dentro da produção de uma obra. Apaixonada por filmes e séries, se considera uma viciada que assiste mais de seis obras por semana.