Em 2016, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, 59, anunciou que havia dado início ao projeto que trocaria o rosto estampado na nota de 20 dólares. O projeto foi vetado durante o governo de Donald Trump, 74, mas Joe Biden, 78, revelou que irá por em prática o sonho de Obama. Desde 1928, o 7º presidente americano Andrew Jackson (1829-1837) estampa a nota. A escolhida para a troca foi a ativista negra Harriet Tubman (1822-1913), mas quem é ela?
Tubman foi uma das principais ativistas dos Estados Unidos. Lutou muito no século XIX pela abolição da escravidão, mas teve uma vida extremamente difícil. Filha de escravizados, Harriet começou a ser sofrer com a escravidão aos cinco anos de idade. Durante a adolescência, teve um traumatismo craniano ao ser acidentalmente atingida por um senhor de escravos que tentava impedir, com um grande objeto de metal, a fuga de um dos prisioneiros. Isso trouxe a ela sequelas permanentes, como ataques epilépticos e problemas de sono.
Conseguiu a tão sonhada liberdade aos 29 anos e, após isso, dedicou sua vida à liberdade dos escravos. Responsabilizou-se por 19 missões. Entre familiares e amigos, resgatou cerca de 300 pessoas. A missão dela era não só ajudá-los no processo de fuga, como também se certificar que teriam um lugar seguro para ficar e se manterem livres.
Durante a Guerra dos Confederados, serviu o exército da união como enfermeira, espiã, além de outras funções, e tornou-se a primeira mulher a liderar um ataque em guerra dos Estados Unidos. Após a Guerra Civil (1861-1865), passou a lutar não apenas pelo direito ao voto das mulheres, como a igualdade entre sexos.
Publicou sua autobiografia ao lado de Susan B. Anthony (1820-1906), a primeira mulher americana presa por votar ilegalmente nos Estados Unidos. Infelizmente, no dia 10 de março de 1913, Tubman morreu de pneumonia, pobre e sem o devido reconhecimento do Estado.
Hoje, é possível encontrar diversos monumentos em sua homenagem espalhados pelo país, incluindo um lindo memorial localizado em Manhattan, Nova Iorque. A verdade é que a vitória vai além de estampar o rosto de uma mulher na cédula americana; ultrapassa o fato de ser uma mulher negra, mas simboliza a grande vitória de tirar um presidente que teve centenas de escravizados para colocar uma mulher que libertou centenas deles.
*Correspondente internacional do Negrê nos Estados Unidos
Foto de capa: MPI/Getty Images.
LEIA TAMBÉM: Quem foi Cicely Tyson, atriz afro-americana que inspirou gerações
Ouça o episódio #02 – Lucas Koka, BBB e a culpa do homem preto:
Apoie a mídia negra nordestina: Financie o Negrê aqui!
Com o coração dividido entre Jornalismo e Turismo, sempre teve na escrita a terapia mais relaxante. Já morou em três países, visitou quatro, mas seus pés estiveram presentes em oito. Ama viajar e é altamente ligada a projetos sociais, tendo sido voluntária por quase um ano em uma creche comunitária. Recém mãe de primeira viagem, tem como objeto principal fazer a filha crescer em um mundo melhor para os negros. Atualmente, está fazendo um intercâmbio na Flórida (EUA), onde ficará por um ano e usará dessa experiência uma ótima oportunidade para mostrar que os pretos(as) podem viajar, trabalhar e usufruir do lado bom da vida.