Radar Negro

Conheça quatro livros de autoria negra e indígena gratuitos

A Amazon sempre tem uma sessão de livros digitais gratuitos, alguns por tempo limitado, outros de forma permanente. Vão de clássicos a contemporâneos, sejam nacionais ou internacionais. 

O melhor é que, para ler, você não precisa ter um aparelho Kindle. É possível baixar o aplicativo para celular e tablet (iOS ou Android), assim como para computadores, além da possibilidade de ler online, sem precisar de aplicativos, por meio do Kindle Cloud Reader

Dentre os que estão gratuitos de forma permanente, separamos alguns livros contemporâneos, de autoria indígena e negra para indicar.

Sertãopunk: histórias de um Nordeste do amanhã (G. G. Diniz, Alan de Sá e Alec Silva)

Sertãopunk: Histórias de um Nordeste do Amanhã por [Alan de Sá, G. G. Diniz, Alec Silva]
Foto: Reprodução.

Uma coletânea de contos e artigos sobre o Sertãopunk, gênero literário de ficção especulativa nordestina, nascido do esforço de três jovens autores nordestinos que se incomodaram com a forma com que a região é representada nas produções artísticas e literárias. O Sertãopunk que agrega elementos de diversas vertentes literárias e acontecimentos sociais importantes nas vivências nordestinas e reflete sobre eles. É uma forma de mostrar como pessoas de cidades e estados diferentes do Nordeste, com vivências e realidades distintas, compreendem sua própria região.

O amanhã não está à venda (Ailton Krenak)

O amanhã não está à venda por [Ailton Krenak]
Foto: Reprodução.

Há vários séculos que os povos indígenas do Brasil enfrentam bravamente ameaças que podem levá-los à aniquilação total e, diante de condições extremamente adversas, reinventam seu cotidiano e suas comunidades. Quando a pandemia da Covid-19 obriga o mundo a reconsiderar o estilo de vida, o pensamento de Ailton Krenak emerge com lucidez e pertinência ainda mais impactantes. 

Em páginas de impressionante força e beleza, Krenak questiona a ideia de “volta à normalidade”, uma normalidade em que a humanidade quer se divorciar da natureza, devastar o planeta e cavar um fosso gigantesco de desigualdade entre povos e sociedades. Depois da terrível experiência pela qual o mundo está passando, será preciso trabalhar para que haja mudanças profundas e significativas no modo como vivemos.

Sejamos todos feministas (Chimamanda Ngozi Adichie)

Foto: Reprodução.

O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo.

“A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente.”

Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!'”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e — em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são “anti-africanas”, que odeiam homens e maquiagem — começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”.

Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade.

De bala em prosa: vozes da resistência ao genocídio negro (vários autores)

De bala em prosa: Vozes da resistência ao genocídio negro por [Vários autores]
Foto: Reprodução.

Uma coletânea de textos de autores e autoras negras, diretamente impactadas pela escalada da violência fardada no país. A gota d’água que os levou a escrever — mais uma dentre tantas que historicamente já transbordaram qualquer nível mínimo de civilidade — foi a morte de um músico e um catador de materiais recicláveis no Rio de Janeiro em abril de 2019.

A quem minimamente resolveu se perguntar o porquê, afinal as autoridades fariam tamanha barbaridade contra cidadãos a caminho de um chá de bebê em um domingo à tarde? Os textos desta coletânea respondem a isso de diversas maneiras, em diversos estilos e sob diversos pontos de vista, mas sempre com o peso da experiência de quem sabe que, pela cor que indelevelmente carrega na pele, está na mira do fuzil — e pode ser o próximo a engrossar as estatísticas.

Eis o grito que ressoa em cada uma destas linhas. Quem escreve aqui, escreve a partir de um cotidiano claustrofóbico de violência e preconceito, com raízes bem fincadas na escravidão. Angústia e sensação de impotência escorrem pelas vírgulas e pontos finais. Mesmo os textos mais otimistas estão empapados de sangue. Boa parte deles se direciona não apenas ao poder estatal que controla, reprime, encarcera e mata, mas aos poucos brancos que conseguem enxergar o racismo estrutural brasileiro, mesmo sem senti-lo ou compreendê-lo.

Foto de capa: Pexels.

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