“Cresci na periferia, em uma família simples, e aprendi que acreditar em si mesma pode mudar tudo”. É o que diz a modelo, advogada e também Miss Ceará Supranational 2025, Amanda Lima, 27. Nascida em 20 de setembro de 1997, a bacharel em Direito, pela Faculdade Estácio, e pós-graduanda em Direito Digital pela Universidade Anhembi Morumbi, acredita que, como mulher negra, deve mostrar que a beleza não tem padrões e quer representar aquelas que, como a cearense, enfrentam desafios, mas não desistem.
Sua história de vida é permeada pelas vivências de uma menina-mulher negra que, oriunda de uma família humilde, cresceu na periferia. Além disso, precocemente perdeu sua mãe [vítima de feminicídio], acontecimento que a fez amadurecer, superar dificuldades e alcançar espaços, alimentadas também por suas conquistas e sua determinação. Para Amanda Lima, a beleza vai além das aparências e a moda pode transformar vidas. Sendo assim, um dos motivos, que a cearense viu razões para investir na carreira de modelo e nos concursos de miss.

Como modelo profissional e produtora de conteúdo digital, Amanda Lima já participou de ensaios fotográficos, campanhas institucionais e comerciais, atuando com marcas e instituições, a exemplo do Ponto da Moda, Sapataria Nova, C Rolim, Ferrovia, IAP Cosméticos, Sorvetes Pardal, Natura TodoDia e a Campanha de Turismo para o Governo do Estado do Ceará.
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Confira a entrevista que realizamos com a modelo e Miss Ceará Supranational 2025, Amanda Lima.
Negrê – Qual é a sua missão?
Amanda Lima – Ser modelo e Miss é uma missão pra mim, não se trata só de um sonho de fama e beleza. Cresci na periferia, em uma família simples, e aprendi que acreditar em si mesma pode mudar tudo. Como mulher negra, quero mostrar que a beleza não tem padrões e representar aquelas que, como eu, enfrentam desafios, mas não desistem. Cada passo meu é um lembrete de que todos merecem ser vistos e respeitados.
Negrê – Por que participar de concursos como o Miss Brasil?
Amanda Lima – Decidi participar do Miss Brasil porque vejo essa oportunidade como uma jornada de autodescoberta e transformação. Hoje, com o apoio de uma equipe incrível e uma preparação intensiva, estou mais preparada do que nunca para viver essa experiência. Estou estudando e aprimorando meu inglês para me comunicar melhor, oratória para expressar minhas ideias com clareza e passarela para me apresentar com confiança.

Negrê – Você está próxima de participar da etapa nacional, então no que você mais tem focado?
Amanda Lima – Na inteligência emocional. Ser Miss é ser uma líder que sabe lidar com suas emoções e inspirar as pessoas ao seu redor. Também estou envolvida em projetos sociais, porque acredito que um reinado deve deixar um impacto positivo na sociedade.
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Negrê – Quais são as suas expectativas pro concurso nacional?
Amanda Lima – Tenho grandes expectativas para o Miss Brasil, mas sei que a verdadeira recompensa será além da coroa, é a chance de crescer e fazer a diferença, é mostrar a verdadeira essência de ser Miss, que é ser um exemplo de empatia, compromisso e transformação.

Negrê – Até agora, você é a segunda Miss Ceará negra. O que isso representa pra você?
Amanda Lima – Ser a segunda Miss Ceará negra na história do concurso [no Ceará] é uma honra imensa, mas também um lembrete e alerta de que ainda temos um longo caminho a percorrer. Representar a diversidade e a força da mulher negra é algo que carrego com muito orgulho pois sei que cada passo que dou abre portas para outras meninas que sonham em também estar aqui um dia.

Negrê – Como você pretende fazer da sua participação um legado para outras jovens negras da periferia?
Amanda Lima – Minha missão é incentivar meninas a acreditarem no seu potencial. Através de ações em projetos sociais ligados à periferia, compartilho minha trajetória e mostro que desafios podem ser superados com determinação, autoestima e oportunidades. Meu objetivo é que essa conquista não seja apenas sobre mim, mas sobre todas que vierem depois, sabendo que elas também podem chegar lá independente da sua realidade.
Foto de capa: Raí Lázaro.
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Jornalista profissional (nº 4270/CE) preocupada com questões raciais, graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É Gestora de mídia e pessoas; Fundadora, Diretora Executiva (CEO) e Editora-chefe do Negrê, o primeiro portal de mídia negra nordestina do Brasil. É autora do livro-reportagem “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza” (2021). Em 2021, foi Coordenadora de Jornalismo da TV Unifor. Em 2022, foi indicada ao 16º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Jornalista revelação – início de carreira”. Em 2023, foi indicada ao 17º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Região Nordeste” e finalista no Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira em 2023 e 2024. Soma experiências internacionais na África do Sul, Angola, Argentina e Estados Unidos.