“Vá! Conquiste e lute por seu espaço sem medo, sua beleza é incrível e única”. É o que nos diz Amanda Lima, 25, Miss Universo Caucaia 2023 e também vice Miss Universo Ceará 2023, concurso do qual participou entre os dias 22 e 25 de maio. Graduada em Direito pela Estácio de Sá, ela iniciou sua caminhada em concursos com 20 anos de idade e une suas duas atuações profissionais a partir dos seus propósitos.
Em sua carreira, a modelo já realizou trabalhos com diversas marcas, como Linge, Sanny lingerie, Leli Correia, Kdm, Ponto da Moda, Sapataria Nova, Qzito jeans, D’annas, Gavdos, Pankage, Flee, entre outras. Sob coordenação da Miss Ceará CNB 2021 Dominique Neves, 26, junto de uma equipe, Amanda ficou no top 2 no concurso do Miss Universo Ceará 2023. Natural de Fortaleza (CE) e com uma forte ligação com Caucaia (CE), ela cedeu entrevista para o Negrê e nos conta um pouco sobre o seu propósito e suas visões em sua caminhada.
Negrê – O que veio primeiro na vida da Amanda? O desejo por se tornar advogada ou a carreira de modelo? Por quê?
Amanda Lima – O ser advogada, aos 14 anos de idade após a morte da minha mãe (vítima de feminicídio). O sistema judiciário foi falho e o caso não solucionado. Me tornei advogada para defender aqueles que mais precisam, infelizmente o Brasil ainda é um dos países que mais mata mulheres e eu, como vítima de tal fatalidade, com a perda da minha mãe, decidi através desta profissão lutar por justiça.
N – Quando e como surgiu a vontade de participar de um concurso como o Miss Universo Ceará 2023?
A.L. – Desde pequena, eu tenho um amor pelo mundo miss, mas sentia que faltava representatividade e após ver misses negras sendo eleitas eu comecei a me sentir confiante para participar.
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Negrê – Quais foram as suas maiores inseguranças durante a participação no concurso? Como você as superou no percurso?
A.L. – Minha maior insegurança foi não ter o preparo para o mundo miss desde a infância e adolescência (como algumas candidatas). Superei isto estudando e me dedicando bastante para cada etapa do concurso.
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N – Após o concurso, quais serão seus próximos passos? Os planos incluem investir nas suas duas carreiras? O que vem por aí?
A.L. – Uma pausa ou fim no mundo miss, vamos ver ainda o que o futuro me reserva nisto. Por enquanto, após o concurso pretendo continuar com minha profissão de advogada e modelo, em ambas consigo erguer as bandeiras sociais que defendo, qual seja, o acesso à justiça aos que mais precisam e a representatividade.
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N – O que você diria para motivar e inspirar outras mulheres como você que gostariam de participar de um concurso de Miss futuramente? Por onde começar?
A.L. – Vá! Conquiste e lute por seu espaço sem medo, sua beleza é incrível e única. Em um país que é permeado pela falsa democracia racial a representatividade importa e molda a autoestima e personalidade de nossas crianças. Comece tentando… por meio do seu exemplo cumpra seu papel social de ser a representatividade que tanto nos falta nos concursos de beleza.
Foto de capa: David Emanuel.
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Jornalista profissional (nº 4270/CE), preocupada com questões raciais, e graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É Gestora de mídia e pessoas; Fundadora, Diretora Executiva (CEO) e Editora-chefe do Negrê, o primeiro portal de mídia negra nordestina do Brasil. É autora do livro-reportagem “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza” (2021). Em 2021, foi Coordenadora de Jornalismo da TV Unifor. Em 2022, foi indicada ao 16º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Jornalista revelação – início de carreira”. Em 2023, foi indicada ao 17º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Região Nordeste” e finalista no Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira. Soma experiências internacionais na África do Sul, Angola, Argentina e Estados Unidos.