Pernambuco

Da periferia do Recife à homenagem do governo da Alemanha pela defesa das causas sustentáveis

Mesmo quando não era moda falar de sustentabilidade, a modelo internacional e greenfluencer Domitila Barros já promovia ações sustentáveis na periferia do Recife (PE). Artivista (termo que une Arte + Ativismo) premiada pela Unesco, ela utiliza suas redes sociais para partilhar experiências e incentivar pessoas no mundo todo a uma mudança de hábitos. Neste mês em que se comemora o Meio Ambiente, quando países se voltam para a causa, o ativismo global de Domitila ganha ainda mais destaque, inspirando pessoas a viver de modo sustentável. 

“A internet permite que muitas pessoas caminhem juntas em prol de um objetivo que começa no ambiente virtual e é capaz de grandes transformações no mundo real. Um influencer de verdade é aquele que vive suas bandeiras, estimula o seguidor a refletir e vende o que acredita”, destaca a artivista. “Quem levanta bandeiras online se preocupa com a qualidade do conteúdo e de como ele vai atingir outras pessoas, causando mobilização para uma determinada causa. Por isso, só trabalho com marcas que apoiam o que acredito”.

Domitila Barros. Foto: Divulgação.

Domitila ganhou ainda mais projeção mundial recentemente. O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, em seu perfil no Instagram, destacou a imagem de Domitila por seu ativismo ambiental. Ela figura ao lado de mulheres como a médica, imunologista e empresária alemã de origem turca Özlem Türeci, cofundadora e diretora médica da BioNTech, responsável, junto com sua equipe, por desenvolver a vacina Pfizer/BioNTech contra o Covid-19.

O reconhecimento não para por aí. A revista americana Formidable Woman Magazine elegeu, no ano passado, a modelo como uma das mulheres mais influentes do mundo na categoria Artivist por sua influência na causa da sustentabilidade.  

Foto: Divulgação.

A bandeira da sustentabilidade ultrapassa as passarelas e campanhas internacionais. Para Domitila, é uma realidade de vida, vivenciada dentro de casa e também nas ruas. Morando há 21 anos em Berlim (Alemanha), ela criou a She is from the jungle(“Ela é da selva”, em português), uma grife de moda e jóias que não usa ouro, apostando em “capim dourado”, uma matéria-prima sustentável feita por meio de uma planta brasileira. Para a exploração e lixiviação do ouro, segundo explica, são usados produtos químicos venenosos, como o cianeto de potássio, que é conhecido por causar grandes impactos ambientais e para a saúde humana.

Domitila não dirige e evita usar carro para não propagar ainda mais dióxido de carbono no planeta. Além disso, economiza água, energia elétrica e separa o lixo seco (reciclável) do lixo úmido (orgânico e comum). “Atitudes do dia a dia, que muitas pessoas consideram pequenas, fazem uma grande diferença para o mundo. Não importa o país”, diz ela, que também não compra roupas novas e reaproveita peças de brechós.

Moda sustentável 

Ajudar as pessoas a repensar as formas de consumir também é outra missão de Domitila, principalmente porque a indústria da moda no mundo é, no geral, insustentável. Segundo dados da ONU Meio Ambiente, o setor responde por algo entre 8% e 10% das emissões globais de gases-estufa, mais que a aviação e o transporte marítimo juntos. É o segundo setor da economia que mais consome água e produz cerca de 20% das águas residuais do mundo. Libera 500 mil toneladas de microfibras sintéticas nos oceanos todos os anos.

O consumo consciente, afirma Domitila, acontece quando a pessoa consegue recursos para utilizá-los na satisfação das suas necessidades. Nessa filosofia de consumo, obter recursos acima das suas necessidades não faz sentido. “Esse comportamento se relaciona com todas as áreas da vida: seja utilizando recursos naturais, comprando alimentos ou qualquer outra coisa. Remover os excessos é fundamental na rotina de um consumidor consciente”, explica. 

Foto: Divulgação.

Imagem do Brasil no exterior 

Em 21 anos morando no exterior, “a imagem ambiental do Brasil nunca foi tão ruim”, diz Domitila. A percepção de quem mora fora é de que o país não está cumprindo os acordos internacionais e nem a própria legislação brasileira”. Como greenfluencer e apaixonada pela sustentabilidade, meu papel é alertar para a necessidade de ações efetivas de proteção, antes que seja tarde demais”.

*Esse texto colaborativo foi escrito por Pedro Cunha

Foto de capa: Divulgação.

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