Mulher negra cearense, modelo e bacharel em Direito, Dominique Neves, 24 anos, é a nova Miss Ceará, vencedora do concurso Miss Ceará CNB 2021 que ocorreu no último sábado, 10, no Hotel Vale das Pedras, em Quixadá (CE). Nascida em 2 de outubro de 1996, Dominique se graduou em Direito pelo Centro Universitário Christus (Unichristus).
Com muita representatividade e foco em seus sonhos, a preta vai representar em breve o estado do Ceará na etapa nacional (que será a 31ª edição do Miss Brasil CNB), ainda sem data e local definidos. Confira entrevista que a Dominique Neves concedeu com exclusividade para a editoria Pretassa do Site Negrê nesta terça-feira, 13.
Negrê – Como iniciou sua carreira de modelo? Quando e como surgiu essa vontade?
Dominique Neves – Desde pequena, eu sempre amei fazer pose, eu era muito desinibida quando era mais nova. E eu sempre quis ser modelo realmente. É engraçado porque é algo que vem desde pequena e aí eu tenho uma família incrível, graças a Deus… eles me apoiam em tudo, então meu pai sempre investiu quando eu era mais nova, ele pagava curso de modelo pra mim. Mas eu fui começando a trabalhar quando eu fui ficando um pouco mais velha, quando eu assumi o meu cabelo black e aí eu comecei a correr atrás das marcas e foi dando certo.
N – Você sempre teve vontade de participar do concurso de Miss Ceará?
D.N. – Sim! Aqui em casa, sempre foi um costume assistir os concursos de Miss. Nós sentávamos e fazíamos daquilo um evento; escolhíamos a nossa favorita, torcíamos pro Brasil e a gente sempre assistia o Miss Universo. E em 2011, quando a Leila Lopés ganhou o Miss Universo, eu pude perceber que aquilo era possível, que eu podia alcançar os meus objetivos, que eu poderia algum dia chegar aonde ela chegou. Ou chegar a representar o meu estado, então eu comecei a minha preparação pra começar a participar de concursos de Miss que eu sempre tive vontade, mas eu nunca via a representatividade. Quando eu vi a Leila Lopés ganhar o Miss Universo, eu decidi começar a participar de concursos.
N – Qual a importância de mulheres negras se reconhecerem e participarem de concursos como o do Miss Ceará?
D.N. – É extremamente importante porque nós, mulheres negras, nunca fomos reconhecidas como aquilo que é belo, né? Aquilo que é bonito. Então, era o que eu sentia dificuldade de me ver na TV, de me ver nos concursos. E aí, a partir do momento que eu comecei a enxergar mulheres negras participando dos concursos, eu me senti incentivada! E eu já vinha outras meninas negras indo falar comigo, dizendo que se sentem inspiradas, se sentem incentivadas quando me vêem participar. Então, eu sinto que essa é a importância de a gente se representar, de ocupar o espaço, de mostrar que nós somos belas sim, que nós somos inteligentes, que nós somos capazes. E que a mulher preta é capaz de tudo e que nenhum preconceito pode ser capaz de destruir nossos sonhos!
N – Quais são as suas maiores expectativas para representar o Ceará na etapa nacional?
D.N. – Eu tô bem animada pra essa nova fase da minha vida e eu acredito que vai ser incrível poder representar o Ceará nesse concurso. Na realidade, eu sempre sonhei em chegar lá, mas eu nunca imaginei que um dia eu realmente pudesse chegar lá. E eu tô muito feliz, eu tenho uma equipe de profissionais incríveis que vão estar comigo nessa nova fase da minha vida, que estiveram comigo na preparação para o Miss Ceará. E é isso… eu realmente tô muito feliz e eu acredito que o Miss Brasil vai ser incrível!
N – Quais são os planos pós-concurso? Dar continuidade a carreira de modelo?
D.N. – Atualmente, os meus planos são dar início a minha preparação para o Miss Brasil e continuar meus trabalhos de modelo, que é a minha principal fonte de renda. E é o que eu amo fazer, né? Modelar! É o que me deixa muito feliz! Então, com certeza, eu irei continuar com a minha carreira e ela também é sinônimo de representatividade, né? Muitas meninas se enxergam em mim e se sentem motivadas a correrem atrás dos seus sonhos quando me vêem modelando, quando me vêem no mundo Miss. Então, isso pra mim é uma felicidade enorme.
Foto de capa: Albert Alan.
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Jornalista profissional (nº 4270/CE) preocupada com questões raciais, graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É Gestora de mídia e pessoas; Fundadora, Diretora Executiva (CEO) e Editora-chefe do Negrê, o primeiro portal de mídia negra nordestina do Brasil. É autora do livro-reportagem “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza” (2021). Em 2021, foi Coordenadora de Jornalismo da TV Unifor. Em 2022, foi indicada ao 16º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Jornalista revelação – início de carreira”. Em 2023, foi indicada ao 17º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Região Nordeste” e finalista no Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira em 2023 e 2024. Soma experiências internacionais na África do Sul, Angola, Argentina e Estados Unidos.