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Francia Márquez é a primeira mulher negra eleita vice-presidente da Colômbia

A primeira mulher negra a ocupar o cargo de vice-presidente da Colômbia é Francia Márquez, 40. E foi eleita no último dia 19 de junho com 50,44% dos votos no segundo turno das eleições, para governar ao lado de Gustavo Petro, 62, o primeiro presidente de esquerda da república. Ambos são membros do partido Colômbia Humana, fundado em 2011 pelo então presidente Petro.

Francia Márquez, advogada, negra e ativista, bateu recordes nas eleições de 2022, segundo a consulta do Pacto Histórico, coalizão política colombiana de esquerda, ao ser escolhida com mais de 783 mil votos para o posto que ocupará de 2023 a 2026. 

A afro-colombiana Francia Márquez, 40. Foto: Gentileza campaña de Francia Márquez.

Os principais projetos de seu partido incluem: reforma agrária que reduza propriedades latifundiárias e a desigualdade de posses de terras do território, mudança na principal fonte de energia da República, o petróleo, para implementação de fontes renováveis que preservem os recursos naturais do ecossistema. Além disso, a promoção da igualdade de gênero, em busca de um cenário regido 50% por mulheres em todas as instâncias públicas, diminuição do militarismo contundente no país, encerrando o serviço militar obrigatório, e ainda, uma reforma tributária que deverá incidir as maiores taxas de impostos sobre aqueles que detém grande parte da fortuna na Colômbia.

Ascensão de uma mulher negra na política

As ascensões do partido o qual Francia pertence se encaixam no perfil político da advogada. Nascida no sudoeste da Colômbia, no município de Su´srez; uma região marcada pela escassez de recursos básicos, onde se encontra boa parte da população negra marginalizada do país. A vice-presidente colombiana, além de mulher, negra, feminista e política, é mãe de dois filhos, que por ela foram tirados do país por segurança, enquanto lutava por sua atual conquista política. Ela já trabalhou com garimpo e como secretária do lar, mas, desde cedo, se revelou uma ativista, ao lutar pela sua primeira causa aos 13 anos, contra o desvio e manipulação do rio Ovejas, próximo à Suaréz.

A vice-presidente colombiana Francia Márquez, 40. Foto: Reprodução/Instagram.

Francia foi alvo de ataques e ameaças por seu posicionamento em relação às questões ambientais, pois busca preservar os recursos naturais e denunciar atos de agressão à natureza e desigualdade de patrimônios ambientais, como o garimpo ilegal de ouro na Colômbia. Situação que já afetou mais de 52 mil hectares de reserva ambiental, segundo um relatório de 2020 das Nações Unidas. Em 2014, ela ficou desabrigada após ter sido expulsa do lugar em que vivia por sua luta contra esse tipo de exploração.

Em 2015, Márquez recebeu o Prêmio Nacional de Defesa dos Direitos Humanos na Colômbia. E, por sua longa e assídua luta contra a exploração ilegal de minério, ela ganhou também o Prêmio Goldman de Meio Ambiente em 2018. 

Para além do ativismo

Muito além de uma ativista ambiental, como mulher preta de origem humilde, Francia luta por mais do que a preservação do seu território. Ela sente na pele o que significa viver num país construído para inferiorizar e desprezar pessoas negras, ademais se forem mulheres. A vitória em assumir uma posição tão importante no governo colombiano, representa um avanço para a desconstrução de um sistema político majoritariamente patriarcal e branco.

Em sua rede social, a vice-presidente feminista declarou seus sentimentos e anseios nessa nova fase da governança colombiana a qual ela agora ajuda a reger. “Obrigado por esse voto histórico que abre caminho para mostrar ao país e ao mundo que é possível dignificar a vida, ocupar espaços sempre negados à maioria popular e governar com amor e dignidade. Vamos pessoas amadas pela justiça social, paz e alegria”, declarou.

Foto de capa: Reprodução/Instagram.

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