A chacina na região da Grande Messejana, na cidade de Fortaleza, Ceará, foi uma série de homicídios ocorridos na madrugada do dia 11 a 12 de novembro de 2015. No total, 11 pessoas inocentes foram assassinadas e sete ficaram feridas. O Ministério Público do Ceará (MPCE) acusou, após investigação, os policiais militares de envolvimento na chacina e apontam que eles agiram por vingança. Dada a situação, escrevi esse poema.
E como já dizia aquele velho ditado, quem vê cara não vê coração.
Afinal, qual a cara dessa população?
O que tem na mente e no coração dessa população?
Uma juventude cheia de ideias planos, medo, coragem, vontades…
Porém tudo é inibidos pelo preconceito e ignorância dessa cidade. Invisibilidade!
Aposto que muitos aqui quando jovem ou crianças quis ter o poder da invisibilidade.
Hoje, muito tem essa vontade, só não sabem que vai virar realidade.
É de apertar o peito, de faltar pulso
jovens que tem o passado e o presente obscuro
vão ficar sem futuro.
Luz é o que falta, alguém pra abraçar, alguém pra ajudar
uma potência que não foi enxergar.
Mas se enxerga ódio, tremenda injustiça
por raiva e ira se desenvolve uma chacina
e ninguém pensou na família.
Mas vamos aos números.
2015
O mês era 11
o dia 11
A noite já passava das 11
11 inocentes
11 fins de forma trágica.
De mira bem afiada, em caveira cravando facas
mais de 33 caras, tirando vida de quem nem de gangue era, nem em ’33” tava.
Aí é onde racionais entra “toda mão é sempre a mesma ideia junto, treta, tiro, sangue, e muda de assunto” mas nós não vamos mudar de assunto.
Vamos fazer de tudo
não 1 minuto de silêncio
mas 1 minuto de muito barulho.
Porque falando em barulho, foi algo que ficou marcado, o som dos tiros, o silêncio da sirene na noite sombria
o som do helicóptero em cima das moradias
os gritos de acusação pra polícia
o choro de uma mãe sozinha…
Eu não quero ficar calado. Não quero que meu bairro seja o bairro da chacina
quero que ele seja reconhecido como bairro do amor, da paz, da juventude viva, da felicidade, da alegria! Sim, da alegria!
Porque apesar das paredes furadas de bala, o chão sujo de sangue, o medo, a dor e toda guerra em que a gente viveu
Eu vejo, a vida, paz, a força no sorriso amarelo, do menino invisível!!
11 de novembro, Nunca esqueceremos!
Foto de capa: Michael Rizzi. (Arte realizada por Snel, grafiteiro do bairro curió, em Fortaleza (CE), em homenagem as vítimas da chacina.
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Rapper/poeta/MC. Produzi, junto de amigos, um evento de hip-hop meu meu bairro, Curió, chamado Um Bom Lugar. E estive no movimento #tamojuntocurio na época da grande chacina de Messejana, em Fortaleza-CE. Já fiz alguns trabalhos como educador social, pela Central única das favelas CE. Hoje, faço rodas de conversar e palestras sobre vários temas, mas em especial sobre racismo. Sou MC num projeto chamado “Baile de Favela 4town”, uma festa/coletivo de artistas com intuito de mostrar a diversidade e potências das favelas, como também levar diversão (claro kk). Sou apresentador de um programa de tv chamado Na’zaria, na TvC/CE, que mostra um pouco da história, das lutas e movimentos de favelas de Fortaleza.