Em 2019, o diretor Chiwetel Ejiofor, 43, que atuou no longa-metragem 12 Anos de Escravidão (2013), nos fez chorar ao lançar o filme O Menino que Descobriu o Vento, contando a história real do engenheiro William Kamkwamba, interpretado por Maxwell Simba. Aos 14 anos, William construiu um moinho de vento na vila de Wimbe, onde residia com sua família, beneficiando toda a comunidade que sofria com a falta d’água e a fome no Malauí, país situado na região Oriental da África.
Filho de família pobre, Kamkwamba teve que deixar a escola, pois seu pai não tinha como pagar seus estudos, devido a perda de grande parte de sua colheita, por conta da seca. Proibido de assistir as aulas, ele frequentava clandestinamente a biblioteca da escola, onde lia livros de ciência, o que lhe ajudou a desenvolver os primeiros experimentos com energia eólica. Primeiro criou uma pequena turbina de vento, mas não tinha equipamentos o suficiente para desenvolver algo maior.
Ainda por meio dos estudos, compreendeu que a ciência poderia ajudá-lo a criar algo que pudesse diminuir os efeitos da seca e da fome na vila. Mas com todo esse potencial, seu pai Trywell (Chiwetel Ejiofor) não acreditava que as ideias do garoto pudessem dar certo. Especialmente, pois, pra conseguir criar o moinho, William precisaria utilizar partes de um dos poucos bens da família: a roda de uma velha bicicleta e uma pá de ventilador.
Ao lado de seus amigos, William criou um primeiro moinho de 5 metros de altura que abastecia algumas lâmpadas e carregava celulares. O segundo moinho, de 12 metros, já captava o vento mais forte e possibilitava manter as lâmpadas da comunidade. O terceiro moinho foi que possibilitou o bombeamento de água para a irrigação da plantação.
O filme mostra como a educação pode ser transformadora em todos os sentidos. No começo do longa, o diretor da escola e outros professores rechaçam William e fazem chacota de sua condição financeira, colocando-o pra fora da escola. Mas independente das colocações feitas pelos professores, que deveriam ser exemplo, William tem prazer em estudar e, por isso, frequenta a biblioteca em segredo. Graças a sua persistência, toda a comunidade, que era obrigada a brigar pelos poucos alimentos enviados pelo governo, consegue se tornar independente e revitalizar as plantações.
A história é baseada em fatos reais e já foi contada em diversos jornais pelo mundo, além de ter gerado uma entrevista para a conferência global TED e teve sua história contada em um livro.
Vale a pena assistir
Filmes baseados em histórias reais, contando sobre pessoas que tiveram grandes conquistas são sempre animadores, é ainda mais especial quando estamos falando de pessoas pretas, como por exemplo Em busca da felicidade (2006), filme estrelado por Will Smith, que nos levou às lágrimas com a vitória do personagem, ainda que ele tenha passado por todo tipo de prova. Ao mesmo tempo, também percebemos que o cinema tem utilizado de histórias pretas de sofrimento ou superação como mote para a maioria desses filmes, nos fazendo questionar a necessidade de obras que não utilizem apenas da nossa dor para conseguir bilheteria.
Mas o longa O Menino que Descobriu o Vento (2019) não é apenas um drama em cima das dificuldades da comunidade de Wimbe, o filme tenta trazer leveza ao mostrar, que, muitas vezes, o que vemos apenas como peripécias ou brincadeira de criança, pode ser algo muito grandioso.
Apesar das desconfianças sobre a funcionalidade da obra que o filho deseja criar, Trywell é um pai amoroso e com uma família bem estruturada, onde há amor para cada um. Onde a mesa do jantar é um dos momentos mais puros de se ver numa família, que apesar de ter muito pouco, dividem alimentos e amor.
Confira o trailer:
Ficha técnica
O Menino que Descobriu o Vento
País de origem: Reino Unido
Duração: 113 min
Gênero: Drama biográfico
Direção: Chiwetel Ejiofor
Produção: Andrea Calderwood, Gail Egan
Roteiro: Chiwetel Ejiofor
Baseado no livro: Boy Who Harnessed The Wind, de William Kamkwamba e Bryan Mealer
Elenco: Maxwell Simba, Chiwetel Ejiofor, Aïssa Maïga, Lily Banda, Joseph Marcell e Noma Dumezweni
Disponível: Netflix
Foto de capa: Divulgação.
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Formada em Jornalismo e com especialização em mídias digitais, a baiana tem dedicado sua carreira ao mercado audiovisual há oito anos, quando iniciou na área. Já atuou como produtora executiva em obras para a televisão e em diversas funções dentro da produção de uma obra. Apaixonada por filmes e séries, se considera uma viciada que assiste mais de seis obras por semana.