O Governo Federal da Nigéria proibiu o gigante global da mídia social, Twitter, de operar dentro de sua jurisdição desde a madrugada do último sábado, 5. A proibição ocorreu dias depois que a rede social excluiu um tweet do presidente nigeriano Muhammadu Buhari, 78, no qual o presidente havia inflamado paixões ao sugerir que estava pronto para repetir a violência dos anos 80 em uma determinada região do país.
Ele disse que vai lidar com “aqueles que se comportam mal hoje” na “linguagem que eles entendem”. Sua declaração foi interpretada como uma ameaça de violência contra um movimento separatista no país.
Em um tópico do Twitter na última sexta-feira, 4, o Ministério Federal da Informação e Cultura da Nigéria disse “uso persistente da plataforma para atividades que são capazes de minar a existência corporativa da Nigéria.”
Desde que a proibição foi implementada, os nigerianos que tentarem usar redes privadas virtuais – ou VPNs – para contornar a proibição serão processados, informou a CNN.
Em resposta, o Twitter disse que estava “profundamente preocupado com o bloqueio do Twitter na Nigéria” e prometeu “restaurar o acesso para todos aqueles na Nigéria que dependem do Twitter”.
Como o maior partido da oposição reagiu à proibição
O Partido Democrático Popular (PDP) classificou a suspensão do Twitter como vergonhosa e pediu que a proibição fosse rescindida. O partido político observou que a mesma plataforma que o Congresso de Todos os Progressistas usou em 2015 e 2019 para fazer campanha para o cargo está sendo suspensa devido a um tweet feito pelo presidente.
No comunicado, eles citaram que com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autor de vários tweets excluídos, a rede social não tomou essa decisão.
Proibição do Twitter custa à Nigéria mais de US$ 220 mil a cada hora
Desde a proibição, um estudo da Ferramenta de Custo de Desligamento (COST) da Netblocks mostrou que a Nigéria perde mais de US$ 220.000 por hora em que a plataforma de mídia social fica inativa.
Embora Garba Shehu, assistente especial sênior de mídia e publicidade do presidente Muhammadu Buhari, tenha dito que a proibição fosse temporária, a decisão está prejudicando a economia do país.
O que vem
O Governo Federal afirmou que só restauraria a plataforma se os cidadãos a usassem de forma responsável. O Ministro das Relações Exteriores, Geoffrey Onyeama, 65, fez essa revelação após uma reunião com alguns dos principais enviados de várias missões diplomáticas na Nigéria.
Ao destacar que a responsabilidade do governo é proteger a lei, a ordem e as vidas humanas, Onyeama deixou claro que não há um tempo definido para o levantamento da proibição. “A condição seria um uso responsável das redes sociais e tem que ser isso mesmo”.
*Correspondente internacional do Negrê na África (Gana e Nigéria)
Foto de capa: Daily Post.
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Novieku Babatunde Adeola é jornalista e profissional de RP freelance, de dupla nacionalidade (Gana e Nigéria). Sua paixão surge da necessidade de mudar a narrativa na África e na diáspora. Trabalhou com várias organizações de mídia locais e estrangeiras. Atua como correspondente internacional do Negrê em África (Gana e Nigéria).