Nos acostumamos a ver Chadwick Boseman interpretando o super-herói T’Challa, na pele do Pantera Negra, levando representatividade para a tela e nos fazendo ver negros não apenas como vilões ou outros estereótipos a que fomos apresentados por tantos anos no cinema e na televisão. Mas o Pantera Negra de Wakanda não foi o único herói da carreira de Chadwick. Recentemente, chegou à Netflix o filme de 2017, “Marshall: Igualdade e Justiça”, protagonizado pelo eterno T’Challa.
O filme apresenta um pouco da personalidade e do trabalho do primeiro juiz negro da Corte Suprema dos Estados Unidos, Thurdgood Marshall. Marshall é uma das grandes personalidades que dedicou sua vida à luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, sendo reconhecido por seus feitos, especialmente na atuação direta, advogando em favor da causa dos negros na América do Norte e transformando a história do povo daquele país.
Lançado nos cinemas em 2017, o drama é baseado em fatos reais e narra a história do juiz antes de sua ascensão ao cargo, quando atuava como advogado e ficou conhecido como o Sr. Direitos Civis, por discutir questões raciais nos tribunais.
Nos Estados Unidos, especialmente nos estados localizados no sul do país, foi institucionalizada a segregação racial, por meio das Leis Jim Crow, que legislavam o ideal de “separados, mas iguais”. Essa separação só deixou de existir a partir das décadas de 1950 e 1960, quase 100 anos após a Guerra Civil que teve como resultado a abolição da escravatura na América do Norte.
Em 1909, havia sido criada a Associação Nacional pelo Progresso das Pessoas de Cor (NAACP), que foi a primeira em defesa dos direitos dos negros nos EUA. Era por meio desta associação que Marshall atuava, viajando o país inteiro para defender irmãos de cor acusados injustamente.
No filme, ao lado do advogado Sam Friedman (Josh Gad), Marshall resolve um dos primeiros casos importantes de sua carreira como advogado, quando foi a Nova Iorque defender Joseph Spell (Sterling K. Brown), um homem negro acusado de estuprar sua patroa branca, Eleanor Strubing (Kate Hudson), na década de 40.
Impossibilitado de advogar em Nova Iorque, impedido pelo juiz Foster (James Cromwell), Marshall se uniu a Sam, que era advogado local. O juiz Foster, homem branco totalmente parcial, impediu que Marshall pudesse proferir qualquer palavra no tribunal. Na vida real, o juiz foi muitas vezes acusado por sua parcialidade.
A Sra. Strubing era uma mulher rica, jovem e branca, que acabara de se mudar para a cidade, ao lado do marido, por quem era maltratada (fato desconhecido pela sociedade da época). Já Spell é um jovem e bonito motorista negro, que havia abandonado esposa e filhos e fora acusado de roubo. Para o tribunal, ele seria facilmente um criminoso que poderia ter atacado uma mulher branca.
Mas a atuação de Marshall e Sam Friedman deram um novo rumo à história. O filme não apresenta apenas a ação dos dois advogados, mas mostra também suas personalidades e como cada um deles lidava com a profissão. Marshall já tinha a ideia desenvolvida de ser um advogado lutando pelos direitos dos negros, abrindo mão de questões pessoais e familiares, que o tornavam mais sensível. Sam Friedman se sentia à vontade em ser um advogado comum, mas colocou em cheque sua atuação após o caso e passou a atuar em favor dos direitos civis.
A trilha sonora tem tudo a ver com a temática,e o espírito de perseverança e luta de Thurdgood Marshall pelos direitos civis. “Lute por algo pra fazer valer a pena”. Em tradução livre, essa seria a mensagem da canção “Stand up for something”, que concorreu ao Oscar de Melhor Canção Original em 2017. A música de Diane Warren e Common traz uma importante mensagem sobre o personagem Marshall.
Apesar de não ter um elenco predominantemente negro, o filme traz uma história importante sobre um homem negro que lutou por outros negros enquanto pode. O juiz Marshall atuou na Suprema Corte americana entre os anos de 1967 e 1991. Ele faleceu aos 84 anos, em 1993, e, postumamente, recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade pelo presidente Bill Clinton.
Ficha técnica
Marshall – Igualdade e Justiça
Ano: 2017
País de origem: Estados Unidos
Duração: 104 minutos
Gênero: Drama/ biográfico
Direção: Reginald Hudlin
Elenco: Chadwick Boseman, Josh Gad, Sterling K. Brown, Kate Hudson, Dan Stevens, James Cromwell como Juiz Foster, John Magaro, Roger Guenveur Smith, Ahna O’Reilly, Jeremy Bobb, Derrick Baskin
Foto de capa: Divulgação/Netflix.
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Formada em Jornalismo e com especialização em mídias digitais, a baiana tem dedicado sua carreira ao mercado audiovisual há oito anos, quando iniciou na área. Já atuou como produtora executiva em obras para a televisão e em diversas funções dentro da produção de uma obra. Apaixonada por filmes e séries, se considera uma viciada que assiste mais de seis obras por semana.