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Alma de Cowboy e o apagamento dos negros na história

Em abril deste ano, a Netflix lançou o filme Alma de Cowboy (2020), uma parceria com o ator estadunidense Idris Elba, 48, que além de estrelar o filme também é produtor executivo da obra. O longa-metragem é baseado numa história real e inspirado no livro Ghetto Cowboy (2009), de Gregory Neri. E conta a história do adolescente Cole (Caleb McLaughlin) que, depois de muito aprontar na cidade, é obrigado pela mãe a viver com o pai Harp (Idris Elba) na Filadélfia, cidade na Pensilvânia (Estados Unidos). Cole vai descobrir um mundo totalmente diferente em que cowboys e cowgirls negros continuam a existir na periferia da cidade, numa comunidade que existe há mais de 100 anos, ajudando jovens a não entrar para o crime e se defender do racismo.

Cole (Caleb McLaughlin) e o pai Harp (Idris Elba). Foto: Divulgação.

Localizados na Fletcher Street, uma rua situada na Filadélfia, os estábulos possuem projetos sociais tanto para manter a tradição, quanto como fonte de renda e de refúgio para jovens que buscam uma oportunidade de fugir da violência e do tráfico.

A produção cinematográfica Alma de Cowboy destaca o relacionamento conturbado entre pai e filho, que pouco conviveram nos 15 anos de vida de Cole, mas traz uma reflexão muito profunda sobre o racismo e a trajetória do povo negro nos Estados Unidos. Os cowboys negros foram personagens de grande importância para a história do oeste norte-americano. No século XIX, os escravizados libertos se mudaram para novas terras no oeste e formaram uma cavalaria que combateu inimigos e protegeu parques americanos. Segundo dados históricos, um a cada quatro cowboys era negro.

Cole (Caleb McLaughlin) e o pai Harp (Idris Elba). Foto: Divulgação.

No entanto, a força resistente de cowboys negros foi apagada pelo cinema estadunidense, que nunca os colocou em cena como parte dessa história. O filme Django Livre (2012), do diretor branco Quentin Tarantino, 58, é um dos poucos hollywoodianos que mostra um cowboy negro. Alma de Cowboy destaca a narrativa não apenas do racismo e apagamento dos negros da história, mas também fala de gentrificação. Uma vez que, por conta da modernização e construção de prédios e outros empreendimentos comerciais, a comunidade de cowboys tem seu espaço cada vez mais reduzido e vivem sob falsas denúncias de maus-tratos aos animais para que sejam expulsos do local.

Apesar da resistência inicial e da dificuldade de relacionamento com o pai, que tem um cavalo morando dentro do apartamento, Cole se torna parte da comunidade e começa a compreender a importância da história e do amor dos cowboys por seus animais. Cole compreende como a vivência com os animais e os cowboys é importante pra impedir que jovens entrem para o caminho do crime ou mesmo para que, àqueles que já entraram para o crime, possam ter uma oportunidade de mudar. 

Beyoncé e a exaltação dos cowboys negros

Recentemente, Beyoncé, 39, lançou a nova campanha da marca de roupas Ivy Park, entrando no mundo country. Intitulada de Rodeo, a coleção de peças para adultos e crianças foi inspirada nos cowboys e busca exaltar a cultura. Nascida no Texas (EUA), a cantora conviveu durante toda a vida com o mundo country e busca destacar e engajar a existência desses cowboys.

Confira o trailer:

Ficha técnica

Alma de Cowboy 
Título original: Concrete Cowboy
Ano: 2020
País de origem: Estados Unidos
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 111 minutos
Gênero: Drama
Direção: Ricky Staub
Roteiro: Ricky Staub
Elenco: Caleb McLaughlin, Idris Elba, Lorraine Toussaint, Jharrel Jerome, Method Man e Swen Temmel
Produção: Lee Daniels, Idris Elba e Tucker Tooley
Disponível: Netflix

Foto de capa: Divulgação.

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