Com o objetivo de formar uma rede de apoio de pessoas racializadas, está sendo organizada a Feira Poty Odara, que acontecerá no próximo dia 9 de outubro, na Praça Padre João Maria, localizada no bairro de Cidade Alta, Zona Leste de Natal (RN).
A feira surgiu da união de pessoas racializadas que gostariam de compartilhar alegrias e o trabalho que elas desenvolvem. Após diálogo, foi compreendido que uma das formas de se fortalecer é investindo nos produtos que são desenvolvidos que ressaltam a ancestralidade, a cultura e o pertencimento.
Apenas pessoas racializadas, da comunidade LGBTQIA+, ciganos e pessoas com deficiência podem se cadastrar como expositor ou artista. Essa decisão, segundo os organizadores, é devido o mercado ser “fechado” para essas pessoas.
De acordo com a pesquisa Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no mercado de trabalho, os pretos ou pardos (povo preto) representavam 64,2% da população desocupada e 66,1% da população subutilizada. E, enquanto 34,6% dos trabalhadores brancos estavam em ocupações informais, entre os pretos ou pardos esse percentual era de 47,3%.
Segundo os organizadores, a feira servirá como um espaço de divulgação. “Divulgar nossos produtos, nossas artes, nos fortalecer comprando e dando suporte, porque sabemos que em uma sociedade racista, é sempre mais fácil adquirir produtos de pessoas brancas, afinal o mercado se apresenta assim. No fim, é nós por nós”, explicam.
É esperado a presença de empreendedores para exposição e vendas de produtos e artistas que levarão música, dança, poesia e contação de histórias durante a feira. A feira é organizada por Fábio de Oliveira, Ana Paula Campos, Hianna Camilla e Preta Rogéria. Ao serem questionados sobre a importância da união entre negros e indígenas, a organização do evento ressalta: “Nossa referência é os Quilombos e Aldeias. Chegamos até aqui e resistimos ao genocídio, graças a união das raças. Quando pensamos em termos econômicos, indígenas estão ainda abaixo do povo negro em uma escala de oportunidades. Nossas culturas estão interligadas e são mais fortes juntas”, explicam.
Saiba mais
Confira o link de inscrição para expositores e artistas aqui.
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Foto de capa: Divulgação.
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A jornalista potiguar Allyne Paz é apaixonada por arte e cultura. Há três anos é envolvida em produção audiovisual e trabalhou no setor de produção da TV Universitária do Rio Grande do Norte (TVU/RN) nos programas Cena Potiguar e Olhar Independente. Um dos seus trabalhos desenvolvidos na TVU foi o programa Peri, premiado como o Melhor Programa de TV Universitária, na última edição do Festival Aruanda (2019). Além da TV, foi diretora de produção dos curtas Mãe e Preta, produzido pelo Coletivo Mulungu, e do Asfixia, uma produção do projeto 70 Olhares, que é realizado pelo Ministério da Cidadania, com a produção do Instituto Cultura em Movimento – ICEM. Além disso, a jornalista tem experiência com assessoria de imprensa e produção de conteúdo para mídias sociais. Defende uma comunicação feminista e antirracista, pois sabe que ela acarreta melhorias na sociedade.