Notícias Radar Negro

Futurismos Ladino Amefricanas abre inscrições para Exposição Online

A plataforma orgânica multidisciplinar online Futurismos Ladino Amefricanas (F.L.A.) abriu inscrições até o dia 31 de janeiro, para seleção de trabalhos na linguagem da fotoperformance que visem a integrar a Exposição Online.

A ideia é que a exposição demonstre o sentido de permanência de uma ética de quilombo, mas construída de maneira inteiramente virtual, como uma plataforma de trocas poéticas e filosóficas entre artistas por meio de poéticas, tecnologias e saberes negro-indígenas brasileiros como metodologias efetivas de produção de futuro.

A F.L.A. foi idealizada pela feminista negra, pesquisadora, mestre em Cultura e Sociedade pelo Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura (Poscult), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), produtora cultural e multiartista Sanara Rocha. O projeto tem como principal objetivo aglutinar gentes e saberes no entorno de uma reflexão coletiva acerca da produção poética e teórica de um futurismo brasileiro ou futurismo ladino amefricano, pensado a partir do conceito de ladino amefricanidade cunhado por Lélia Gonzalez. Para isso, engloba diversas ações de aquilombamento poético, sendo a Exposição Online uma das principais ações.

Sanara Rocha. Foto: Arquivo/Futurismos Ladino Amefricanas.

Seleção

A convocatória escolherá seis trabalhos dos 12 que serão expostos na galeria online. Rompendo com as estruturas hierárquicas, sexistas e racistas, por meio da explicitação das potencialidades advindas de artistas descendentes dos povos negro e indígena, são reservadas 50% das vagas da exposição para indígenas aldeadas ou autodeclaradas indígenas. 

Entre os(as) artistas-pesquisadores que devem apontar, através das suas poéticas e seu cotidiano, tecnologias e saberes negro-indígenas brasileiros como metodologias efetivas de produção do futuro decolonial, estão Atteus Shamaxy, Dani de Iracema, Dorotiane, Laís Machado, Ricardo Andrade e Tina Melo. A curadoria da exposição é de Sanara Rocha, da costureira, artista visual e performer Jeisiekê de Lundu, e da diretora teatral, performer e pesquisadora das artes Diega Pereira.

As fotoperfomances devem dialogar com os saberes negro-indígenas brasileiros, bem como as suas ressignificações no contexto da contemporaneidade como possibilidade tecnológica na construção de um futuro-presente tecido na pele e encarnado como memórias que desconstroem o pensamento dominante e normativo, além de reinventar mundos e possibilidades de existência.

A ideia é também de lançar luz sobre as identidades negro-indígenas e suas cosmologias e cosmogonias, por uma perspectiva não colonial e universalizante, versando-as como fluidas e multifacetadas. 

Ricardo Andrade. Foto: Andrea Magnoni.

É na encruzilhada que a criação surge. Não é possível criar sem misturar partes destoantes. Para a curadora Jeisekê de Lundu, por conta dos contextos de guerras coloniais que ainda vivemos, absorver e transmutar linguagens é uma necessidade, não apenas uma escolha estética. “Produzir performance e curar esse trabalho aglutinando os desejos que já trago em minha trajetória com os que a F.L.A. propõe têm aberto minhas percepções para uma criação dissidente pulsante em nossas geografias”, realça a artista visual.

A exposição deságua em uma revista gratuita física e também online, a ser lançada até o mês de março. Sanara Rocha acredita que a memória não é somente um espaço de lembranças traumáticas, de dores, de angústia, mas de resistência e cura.

“Para nós, povos não-brancos deste território, as memórias vêm sendo como verdadeiros espelhos, onde miramos e enxergamos todas, todes, todos nós como seres de valor. Isso é lembrar e construir o futuro!”, afirma a produtora cultural.

Diante da pandemia do Covid-19, Sanara viu no projeto Futurismos Ladino Amefricanas condições para fortalecer a permanência da coletividade.

Dorot Ruanne. Foto: Arquivo/Futurismos Ladino Amefricanas.

A última ação do Futurismos Ladino Amefricanas é a obra multilinguagem A Mulher Sem Cabeça, performance-ensaio rito-musical dividida em dois experimentos audiovisuais a serem estreados no mês de abril. O projeto é contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Matos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.

Saiba mais 

Inscrições: por meio de formulário
Data: 12 a 31 de janeiro de 2021
Instagram: @futurismos_la

Foto de capa: Andrea Magnoni.

LEIA TAMBÉM: Intercâmbio gratuito abre inscrições gratuitas para mulheres pretas

Conheça o Negrê Podcast:

Compartilhe: