Na última sexta-feira, 14, a Sephora Brasil anunciou em comunicado oficial que os produtos da Fenty Beauty, linha de maquiagem da artista e empresária Rihanna, seriam comercializados no Brasil a partir desta terça, 18.
Quase todo o catálogo da marca vai estar disponível no país, exclusivamente nas lojas físicas e online da Sephora, com destaque para os 50 tons de base e acessórios de maquiagem.
Em três anos de existência, a Fenty Beauty vem revolucionando o mercado de beleza, sobretudo por trazer diversidade e inclusão como valores. “Quero que todos se sintam bonitos, reconhecidos e empoderados, não importa a etnia, a cultura, o tom de pele ou o estilo”, explica Rihanna em nota.
Para a maquiadora especialista em peles pretas, Natalia Cavalcante, a chegada da marca ao Brasil é algo motivador, uma vez que o mercado brasileiro de beleza ainda deixa a desejar quando o assunto é pele negra.
“Diante de todas as mudanças que estão acontecendo em relação à valorização da nossa beleza e da construção da nossa identidade, sabemos do impacto que é ter a possibilidade de uma marca com este propósito e pensando na gente”, celebra.
O preço dos produtos
Em relação ao custo dos itens, Natalia afirma que a Fenty Beauty está na média de preço das marcas gringas de beleza disponíveis no mercado. No entanto, a maquiadora também percebe que o custo dos itens pode “não valorizar a população negra como potenciais consumidores da marca [no Brasil]”.
Porém, a mesma destaca o desejo do público brasileiro em consumir os produtos Fenty, sobretudo pela atenção da marca com os tons de peles negras. “Eu prefiro ter um produto que foi pensado para mim, que atenda de fato o meu tom e subtom, do que comprar em marcas que não pensam em nossa diversidade”, pondera.
Realidade brasileira
Segundo o economista e pesquisador em desenvolvimento socioeconômico no Brasil, Luiz Gonzaga, vários fatores influenciam o preço dos itens da marca no país, como alta do dólar, carga tributária, custos de importação e a margem de lucro das empresas.
Não pode ser desconsiderado o fato de que “somos um país mais pobre e mais desigual que os EUA e as mulheres negras brasileiras, consequentemente, enfrentam uma realidade material mais excludente”, ressalta.
Luiz também explica que essa realidade se relaciona ao caráter regressivo do sistema tributário brasileiro. Isso significa que os(as) mais pobres pagam mais impostos no Brasil e, de acordo com o estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil/2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra corresponde a mais de 75% dos(as) mais pobres, estando a mulher negra na base da pirâmide sociorracial brasileira.
“Se os preços praticados forem os anunciados, a grande maioria das mulheres negras brasileiras não estará efetivamente incluída no público-alvo da marca”, analisa.
A partir do histórico de Rihanna na indústria da moda, é possível afirmar que ser uma marca popular não é a intenção da Fenty Beauty. Desde os quatro anos em que atuou como diretora criativa da linha feminina da Puma (PumaXFenty), de 2014 a 2018, as coleções da artista já possuíam um valor acima da média. Agora, com o impacto alcançado pela marca que leva o sobrenome da cantora, não é diferente.
Foto de capa: Reprodução/Instagram.