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Salve, rainha Nzinga: a guerreira que lutou contra a escravização do seu povo

Nesta quinta-feira, 17, é dia de celebrar a memória e a história de uma rainha negra angolana. Ela que, durante o século XVII, enfrentou o tráfico de negros que eram tirados de sua terra, Mbundu/Ngola (hoje, Angola), para serem escravizados pelos portugueses, que haviam chegado no século XV. Vamos saudar a rainha Nzinga! (1582-1963).

A libertação de um povo foi duramente combatida em Angola, em inúmeras batalhas marcadas por derrotas e vitórias. Na história desse país africano que fala português, tem a coragem e a luta dessa rainha negra. Nzinga, também era conhecida como Ginga, Jinga, Singa, Zhinga e outros nomes da variável família linguística Banto (ou Bantu). Nzinga liderou o povo Mbundu (antes de ser tornar o país Angola) e foi rainha de Dongo (em quimbundo: Ndongo) e Matamba (estado pré-colonial africano que era situado entre Ndongo e Congo), no sudoeste do Continente Africano. Esses territórios atualmente fazem parte de Angola. 

A rainha, ainda menina, vivenciou a chegada dos invasores portugueses e cresceu convivendo com a violência e exploração de sua gente. Os portugueses buscavam ouro e prata, mas não encontraram as minas e passaram a escravizar os nativos para enviar ao Brasil, então colônia de Portugal, entre 1500 a 1815. Aos oito anos de idade, Nzinga, filha do rei Ngola Mbandi Kiluanji, já mostrava a sua coragem, atuando em batalhas e enfrentamento aos portugueses junto com seu pai. 

Estátua da rainha Nzinga. Foto: Marcos González Díaz M.

Derrota portuguesa 

Passados muitos anos, já defendendo o povo da violência imposta pelas grandes tropas portuguesas que tinham se estabelecido em Ngola desde o século XV, a rainha, que falava português fluentemente, entrou em acordo com a liderança portuguesa. Como parte do acordo, pela paz do povo, se converteu ao Cristianismo e foi batizada como “dona Ana de Sousa”. Porém, em meados de 1621, com o seu povo voltando a ser massacrado e oprimido, a rainha impôs toda a sua soberania e inteligência de guerrilha. Em uma batalha, derrotou as tropas de João Correia de Sousa, governador português entre 1621 e 1623.

Os escritos da história contam que, em 1635, a rainha, que preferia ser chamada de “rei” formou uma coligação com os reinos do Kongo (atual Congo), Kassanje (vila de Angola), Dembos (munícipio da província de Bengo, em Angola) e Kissama (também em Angola). Mais forte e soberana, ela rompeu os compromissos com Portugal, abandonou o Catolicismo, e passou a atuar com violência contra os portugueses. 

A sua trajetória foi marcada pela coragem, inteligência e liderança. Por quatro décadas, a rainha Nzinga deixou o legado da bravura e resistência para o seu povo. Até os dias de hoje, o seu nome e a sua história são uma referência de luta e coragem, de uma mulher negra e rainha soberana que desafiou o algoz e batalhou por sua gente. A rainha morreu em 17 de dezembro de 1663, aos 82 anos de idade. Até hoje, sua memória é preservada na história como uma das mais importantes mulheres africanas. A sua trajetória inspira livros e filmes.   

Brasil-Angola

Pesquisadores e historiadores registram que, boa parte dos mais de quatro milhões de negros que foram escravizados e traficados para outros países entre os séculos XVI e XIX (principalmente para o Brasil) eram Mbundu (origem do povo angolano).

Filme biográfico

Existe uma produção cinematográfica (drama e ficção histórica) de Angola lançada em 2013, retratando a rainha Nzinga. A direção é do diretor de cinema português Sérgio Graciano e o longa foi escrito pela roteirista Joana Jorge. O lançamento no Brasil ocorreu em 14 de março de 2014.

Confira o filme completo:

Foto de capa: Quadro representativo de Nzinga Mbandi, a rainha de Ndongo/Wikimedia Commons.

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